LITERATURA INFANTIL
AS PIPAS VALENTES
Em uma
pequena comunidade do nordeste brasileiro, com o nome de DEUS ME AJUDE, bem
junto ao litoral nordestino em um lugar muito longe de qualquer recurso, onde
as pessoas viviam da pesca, mas, com uma felicidade imensa. Neste paraíso tinha
uma família humilde de pescadores, formada pelo pai, mãe e três filhos, dois
meninos e uma menina, o senhor Raimundo Nonato, o pai, dona Thereza a mãe,
Raimundinho o filho mais velho, Terezinha a menina, e Raiter o mais jovem
(Raiter é o inicio de Raimundo e Tereza). Os meninos eram peritos em empinar
pipas e tinham as que mais preferiam. Raiter tinha uma de plástico (feita com
sacos plásticos), com forma de tubarão, era o xodó de Raiter, era só ter um
ventinho e ele saia correndo pra soltar, era uma felicidade só. Mas numa tarde
chegou à casa da família, um carro enorme com dois homens e um menino mais ou
menos da idade de Raimundinho, procuraram o Sr. Raimundo e lhe disseram: - O
Sr. Raimundo é o senhor? - Sim senhô, respondeu Raimundo. - Meu nome é Alberto
e acabei de comprar estas terras todas, vou trazer pra cá um grande hotel, e os
senhores vão ter que sair daqui. - Pra onde nois vamo seu Alberto? - Isso é
problema de vocês, só terão que desocupar a área até o final da semana. - Nóis
não temu pra onde ir, disse Raimundo. - Não importa, desde que vão embora, vou
voltar no final de semana para derrubar esse barraco e começar a obra. - Mas
senhores, só faltam 3 dias, não podemos sair assim. - Bem o problema é de
vocês, até o final de semana. E foram embora. Seu Raimundo e dona Thereza
estavam tristes, as crianças então, nem se fala e Raiter disse: - Papai pra
onde a gente vai da pra levar a tubinho? (a pipa em forma de tubarão), e as
outras, a rainha (pipa em forma de arraia), a lelé do Mundinho (em forma de
baleia) e a espadinha (em forma de peixe espada) da Tetê? - Não sei meu filho,
só Deus sabe e ele vai encontrar um lugar bom pra nóis. Chegou o final de
semana o tempo estava ruim, querendo chover, e no meio tarde de sábado chegou o
senhor Alberto, junto com seu filho e outro homem. Sentou na varanda a
conversar com senhor Raimundo, e as crianças convidaram o menino pra ver as
pipas e foram, pegaram todas, como tinha vento, resolveram soltar e foram pra
beira da praia, nisso começou um temporal e eles estavam muito afastados da
casa e o menino Albertinho não tinha muita prática e como o vento era forte ele
foi puxado para dentro do mar segurando a tubinho. Os meninos se desesperaram e
chamaram os pais que não sabiam o que fazer, já não viam mais Albertinho, os
pais choravam e desesperados tentaram pegar um barco, mas o vento era muito
forte, então, Raimundinho e Raiter tiveram uma ideia e sem falar com os pais
apanharam as pipas, amarraram ao barco e elas levaram o barco com os meninos
para dentro do mar, já estava escurecendo, quase não viam mais nada, mas foram
mar a dentro até que avistaram tubinho, bem distante, mas heroicamente ainda
estava no ar, e ao chegarem mais perto avistaram Albertinho pendurado com as
duas mãos na corda da tubinho, que resistia aos ventos fortes com muita fibra e
as outras pipas também estavam ali puxando o barco que balançava muito de um
lado para outro já começando a rasgar, chegaram junto de Albertinho que estava
muito cansado e o pegaram. Raimundinho olhou pro céu já escuro e fez um pedido:
- Senhor, peça as nossas pipas que nos levem de volta pra nossa casa. Neste instante
ouviram uma voz cansada dizer: - Não se preocupem, nós já combinamos e vamos
levar vocês de volta, nós amamos vocês. Quem estava falando parecia ser o vento
batendo nas asas da lelé, e os três se agarraram no barco e o barco foi sendo
puxado para a praia por lelé, tubinho, rainha e espadinha, já era bem escuro
quando os três conseguiram chegar à praia onde estavam os pais dos meninos que
choraram, se abraçaram, e foram pra casa do senhor Raimundo, nisso passou o
temporal e a noite veio bonita. Depois do susto, estavam sentados na varanda
quando Albertinho falou para o pai: - Papai, não tira os meus amigos daqui,
deixa eles viverem aqui com as suas pipas pra que eu possa também vir sempre
aqui brincar com eles e com as pipas e por falar nisso onde elas estão? Saíram
correndo e foram até a beira da praia, lá estavam elas, todas rasgadas e feias
muito cansadas. O senhor Alberto vendo isso falou: - Podem ficar tranquilos,
podem morar aqui para sempre, ninguém mais vai incomodá-los, além disso, vou
pagar um salário para a sua família, para cuidarem desta praia e vou reformar
estas pipas, afinal, se não fossem elas, teria perdido meu filho, e vou ter um
orgulho muito grande de ter os seus filhos como amigos do meu, nunca vi garotos
tão valentes quanto eles e estas pipas sempre serão lembradas como verdadeiras
heroínas. E assim todos ficaram felizes. Anos depois as praias foram divididas
e se chamaram, Praia da Tubinho, da Lelé, da Rainha e Espadinha. E estão lá até
hoje.
Amon Rá
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