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VÍDEO SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA (AUTISMO)
sexta-feira, 27 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Filmes para estudantes do Enem
Olá estudante!
Se você procura por alternativas que possam ajudar você a se preparar para o Enem 2014, confira algumas dicas de filmes para complementar seus estudos e entenda como esse recurso pode ser útil.
Muitos alunos
veem os estudos como algo maçante já que, normalmente, utilizam sempre o
mesmo método: apenas leem os textos que são pedidos e fazem exercícios
de assimilação, sem um direcionamento que ajude a tornar o que foi
estudado como algo possível de ser relacionado com o cotidiano.Filmes podem tornar essa experiência possível e mais agradável facilitando a compreensão do conteúdo. No Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que costuma relacionar História com a atualidade, assistir a obras cinematográficas que abordem períodos históricos pode ser muito útil para a resolução das questões da prova.
Se você está se preparando para o Enem 2013, veja a seguir alguns filmes que abordam os períodos históricos que
aparecem com mais frequência na prova, complemente seus estudos e ainda
analise as diferenças entre os hábitos do presente e de outras épocas:
História Geral
1. Revolução Industrial
- Tempos Modernos, 1936
A Revolução Industrial é um dos temas mais recorrentes no Enem. O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin,
é uma comédia que retrata características da Segunda Revolução
Industrial, mostrando formas de trabalho e a sociedade da época.
2. Renascimento
- Shakespeare Apaixonado, 1998
Aborda a produção artística e características da sociedade na época do Renascimento Cultural.
3. Revolução Francesa e Iluminismo
- Amadeus, 1985
“Amadeus” retrata a vida do músico Amadeus Mozart, que viveu no século XVIII, quando surgiu o Iluminismo, e mostra diversos aspectos desse movimento cultural.
- Casanova e a Revolução, 1986
Apesar de retratar uma situação fictícia, esse filme mostra diversos aspectos da Revolução Francesa, como os pensamentos e o comportamento da sociedade.
- Maria Antonieta, 2005
O filme retrata características e costumes da vida da corte na época da Revolução Francesa.
4. Guerra Fria
- Vampiros de Almas, 1956
Um filme de ficção que é uma metáfora da paranoia estadunidense em relação a URSS na época da Guerra Fria.
- Cupido não tem Bandeira, 1961
Comédia que mostra, como uma sátira, a maneira como os Estados Unidos e a URSS viam um ao outro.
História do Brasil
1. Brasil Colônia
- Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (no título do filme Brasil é com z mesmo), 1995
O filme aborda a permanência da corte
portuguesa no Brasil. Como o filme é bastante satirizado, o estudante
deve tomar cuidado no discernimento do que é real e o que não é para
separar o que pode ser usado como complemento nos estudos.
2. República Velha
- O Baile Perfumado (filme completo está no YouTube), 1996
A obra retrata a saga real do
responsável pelas únicas imagens existentes do famoso cangaceiro
Lampião, responsável por revoltas no sertão nordestino. Essas imagens
foram confiscadas pela ditadura do Estado Novo.
- Abril Despedaçado, 2001
Dirigido por Walter Salles, o filme tem o
sertão brasileiro no período da República Velha como plano de fundo e
mostra o cotidiano da época.
3. Era Vargas
- Olga, 2004
“Olga” tem como plano de fundo a época do Estado Novo, mostrando características da Era Vargas e como foi a Intentona Comunista.
4. Ditadura Militar
- O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, 2006
Esse filme brasileiro mostra uma visão
interessante sobre a Ditadura Militar. A história se passa em 1970,
quando a seleção brasileira de futebol venceu a Copa do Mundo.
Aproveite esta dica!
Fonte: Universia Brasil
5 sites para encontrar mapas históricos
Vale muito a pena acessar!
1 - Coleção de David Rumsey:
Com sobreposição de mapas de várias cidades de todo o mundo no atual
Google Maps, sendo ideal para comparar o aspecto e analisar a evolução
de diferentes lugares.
2 - The British Library: Mais de dois mil mapas históricos que fazem parte de uma coleção de mais de 30.000 livros em formato digital, exibições, tours virtuais, etc.
3 - Biblioteca pública de New York: 20.000 mapas que estão disponíveis há alguns dias em seu site, com possibilidade de baixá-los e usá-los usando maps.nypl.org/warper.
4 - Euratlas: Uma imensa coleção de mapas com toda a história e geografia da Europa desde o ano 1 até os dias de hoje.
5 - oldmapsonline.org:
Aplicativo com o qual podemos selecionar qualquer região do mapa do
mundo para ver os mapas antigos que existem disponíveis em diversas
coleções da Internet.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Link para jogos de Literatura Infantil
LINKS PARA LIVROS EM PDF, DESENHOS E JOGOS DE LITERATURA INFANTIL
https://www.todolivro.com.br/jogos
http://tvescola.mec.gov.br
http://www.rosangelatrajano.com.br/ilustracoes.html
http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com.br/2011/08/atividades-com-frutas_06.html
www.pintardesenho.com
http://saladeliteraturainfantil.blogspot.com.br/search/label/As%20Pipas%20Valentes
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/contos-sem-texto-o-menino-e-a-fruta.htm
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http://www.rosangelatrajano.com.br/ilustracoes.html
http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com.br/2011/08/atividades-com-frutas_06.html
www.pintardesenho.com
http://saladeliteraturainfantil.blogspot.com.br/search/label/As%20Pipas%20Valentes
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/contos-sem-texto-o-menino-e-a-fruta.htm
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domingo, 1 de junho de 2014
LITERATURA INFANTIL (A Literatura Infantil e seu poder de formar leitores)
A Literatura Infantil e seu poder de formar leitores
Márcia
Cristina da Silva Souza
Resumo:
Este trabalho vem mostrar a
importância da Literatura Infantil em desenvolver a criatividade, os sonhos da
infância; tem o poder de suscitar o imaginário, responder a tantas perguntas,
ampliar o mundo da criança. A Literatura é ímpar, não só como uma forma de
leitura, mas como uma obra de arte compreensível para a criança como nenhuma
forma o é, como acontece com toda grande arte; o significado mais profundo será
diferente para cada um. A criança extrairá significados, dependendo de seus
interesses e necessidades do momento. A Literatura conserva as crianças para a
infância sem forçar a natureza, sem provocar o amadurecimento artificial desse
fruto delicadíssimo que é a alma infantil. Quanto mais oportunidades tenham de
ouvir, ver, sentir leituras alheias, maior será o desenvolvimento da leitura e
da escrita, pois é através da Literatura que a criança se relaciona com o mundo.
Palavras Chave: Literatura.
Fantasia. Criatividade. Instrução.
Desenvolvimento
Amplitude.
Abstract:
This work has shown the importance of Children's Literature to develop the creativity, the dreams of childhood, has the Power to stir the imagination to answer many questions, expand the world of the child. The literature is unique, not only as a way of reading, but as a work of art comprehensible to the child as any form is, as with all great art, the deeper meaning Will be different for each. The children draw meanings, depending on their interests and needs of the moment. The literature keeps the children without forcing children to nature, without causing the artificial ripening of fruit is extremely sensitive to the soul children. The more opportunities they have to hear, see, feel extraneous readings, the greater the Development of reading and writing, it is through literature that the child relates to the Word.
This work has shown the importance of Children's Literature to develop the creativity, the dreams of childhood, has the Power to stir the imagination to answer many questions, expand the world of the child. The literature is unique, not only as a way of reading, but as a work of art comprehensible to the child as any form is, as with all great art, the deeper meaning Will be different for each. The children draw meanings, depending on their interests and needs of the moment. The literature keeps the children without forcing children to nature, without causing the artificial ripening of fruit is extremely sensitive to the soul children. The more opportunities they have to hear, see, feel extraneous readings, the greater the Development of reading and writing, it is through literature that the child relates to the Word.
Keywords:
Literature. Fantasia. Creativity. Instruction. Development.
Amplitude
Introdução
Um sonho... Um sonho de manter
acesa a chama vibrante, intensa e colorida da infância. Um tempo marcado pelo
encantamento da atmosfera onírica que rege a primeira e mais importante fase de
nossas vidas. Uma marca singular, rica, pessoal e intransferível. Período que
representa uma galáxia em meio a todos os outros milhões de sistemas escolares
produzidos pela fértil imaginação infantil, imaginação livre de preconceitos,
negativismo e de limitações. A pureza, a ousadia, o espírito quase selvagem dos
primeiros anos nos marca de forma indelével por toda a existência... É como se
o período fosse comandado pelo ritmo de um relógio e os ponteiros marcam
diversão e alegria... Um tempo com cheiro, gosto, cor e som; continuamos
perseguindo de forma consciente ou inconsciente por toda a vida. Cabe a nós,
estarmos conscientes da importância da Literatura, é nosso papel de amparar,
reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a
confiança em dias melhores. Várias são as formas de reconduzir o barco da
Literatura na direção do sucesso da aventura humana, uma delas é lançando um
olhar mais atento às grandes histórias, de modo a aprender seus ensinamentos
com maior competência.
Neste trabalho, procuramos
mostrar a Literatura em suas origens, seu conceito e o que alguns teóricos
falam sobre o assunto, apontando caminhos que tornem essa viagem mais segura,
fazendo da Literatura um elo permanente inquebrantável entre a razão e emoção,
determinando o equilíbrio necessário às realizações da vida, afinal quem não
deseja manter no coração e na mente o enredo mágico das histórias encantadas?
De um modo geral, as obras
literárias têm como uma de suas peculiaridades a capacidade de romper a
barreira do tempo e do espaço, preservando uma impressionante atualidade. Os
grandes clássicos da Literatura, pó exemplo, recebem essa denominação por
retratar em suas narrativas, grandes questões universais com a habilidade, o
talento e a sensibilidade de seus autores. Artífices da palavra, eles nos
deixaram, nas fascinantes histórias que escreveram belíssimas lições de vida.
Textos que nos ensinaram a cada leitura algo novo e essencial ao nosso crescimento
e amadurecimento.
Com maestria, escritores e
escritoras constroem poemas e personagens abordando temas que despertam o
interesse, a curiosidade e as emoções diversas no homem. Emoções vivamente
descritas com genialidade e perspicácia desses especialistas em observar os
mistérios da alma.
O que é
Literatura Infantil?Qual sua importância na vida da criança.
A Literatura infantil demarca um
conjunto de produções literárias a toda
e qualquer manifestação do sentimento ou pensamento por meio de palavras.
Define – se não apenas pelo texto resultante dessa manifestação, mas também por
se destinar a um determinado público, o qual tem da sua parte, características
específicas; pertence a uma faixa etária; uma estimulação familiar, uma relação
com o mundo da escola e um convívio com a sociedade, ou seja, trata-se de uma
criança que ainda não ultrapassou uma situação que, se é temporária ou
provisória, não deixa de se mostrar importante.
Uma maneira de compreender o mundo é
através da Literatura infantil, sua função é exatamente fazer com que a criança
tenha uma visão ampla do mundo que a rodeia, tornando-a mais reflexiva e
crítica, frente a realidade social que vive e atua, desenvolvendo seu
pensamento organizado. A Literatura infantil tem o poder de suscitar o
imaginário, de responder dúvidas em relação a tantas perguntas, de encontrar
novas idéias para solucionar questões e instigar a curiosidade do pequeno
leitor.
Como escreve Abramovich (1991, p17)
“É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses,
das soluções que todos vivemos e atravessamos”. Nesse processo ouvir histórias
tem uma importância que vai muito além do prazer proporcionado, ela serve para
a efetiva iniciação das crianças na construção da linguagem, idéias, valores e
sentimentos, aos quais ajudará na sua formação como pessoa.
Malamut (1960, p6), enfatiza que,
“... lidas ou contadas, as histórias constituem-se em generoso processo
educativo, pois ensinam recreando, dando a criança os estímulos e motivações
apropriadas para satisfazer suas tendências, seus interesses, suas
necessidades, seus desejos, sua sensibilidade.
O gosta pela leitura vem de um
processo que se inicia no lar. Mesmo antes da aprendizagem da leitura, a
criança aprecia o valor sonoro das palavras. Aprende a gostar do livro pelo
afeto, quando a mãe canta ao embalar o
berço, ou narra velhas histórias aprendidas pelos avós. Sobre esse ponto
observa Silva (1994 p 12): “... É tão importante o papel de quem convive com a
criança, pois é, sobretudo, através do afeto que a criança se desenvolve e
aprende.” Observando-se o comportamento da criança, fica evidente a sua
capacidade de inventar histórias, por isso, a necessidade do professor oportunizar
de expressar suas idéias. Neste contexto, o papel do educador, é de assumir o
compromisso com o livro, tendo o hábito de contar histórias, despertando a
curiosidade pelos misteriosos signos da escrita, desafiando-os, encorajando-os,
solicitando-os, provocando-os, para que essas criem suas hipóteses, abrindo as
portas para o universo da leitura, em que a criança irá livremente penetrar
guiadas por suas preferências.
Para confirmar isso Rego (1998, p 60),
diz que: “... Um contato diário com atividades de leitura e de escrita, a
alfabetização será transformada num processo ameno e descontraído, evitando-se
as atuais rupturas existentes na prática pedagógica, entre a preparação para a
alfabetização e a alfabetização propriamente dita. “A presença de livros na
sala de aula é fundamental para as crianças; por isso, a necessidade do
professor em organizar em um recanto em sua sala de aula, onde os livros fiquem
a disposição das crianças, para que elas possam manuseá-los sempre que
desejarem, tendo contato desde cedo com o mundo letrado.
A literatura, enquanto universo
ficcional é um elemento importante na autoconstrução do indivíduo, percebemos
que faz parte de um universo que oferece as coisas prazerosas de forma material
e pronta para usá-las, vinculadas a estímulos e incentivos externos, conhece e
compreende apenas aquilo que é muitas vezes castradas e limitadas sem condições
para desenvolver a percepção, a sensibilidade, a fantasia e a criatividade.
Todos os subsídios estimuladores oferecidos pela Literatura infantil poderão ser anulados se, na sala de
aula, o texto literário e/ou história forem submetidos a uma prática pedagógica
que não dê possibilidades para sua avaliação sobre leitor. O professor
evidentemente necessita estar preparado para cumprir sua função de
intermediário entre criança e o livro e/ou a história.
A necessidade de ler, segundo Cagliari
(2001, p. 173) afirma que: “... Leitura e cultura, mas é a cultura que explica
que muito do que se lê, não apenas o significado literal de cada palavra de um
texto. “Uma pessoa que não conhece uma cultura, tem dificuldades em ler textos
produzidos por ela, para adquirir os conhecimentos dessa cultura”.
Esse impasse é maior quando se
começa aprender a ler. Os alunos de culturas diferentes, mesmo vivendo numa
mesma cidade e colocados numa mesma sala de alfabetização, reagem de maneiras
diferentes aos textos que lhes são apresentados. Ensinar hoje a leitura e escrita
é desenvolver habilidades de ler, compreender, interpretar diferentes tipos de
gêneros de textos, escritos em diferentes modalidades de língua, formal,
informal, de interagir com diferentes portadores de textos: habilidades de
escrever diferentes textos que as práticas sociais de escrita exigem de nós.
Criar oportunidades para que os
alunos descubram o prazer da leitura e da escrita, não obrigá-los a ler, porque
isso irá desmotivá-los, fazendo com que eles apreciem de um modo como eles vêem
a música.
Literatura Infantil |
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Alguns autores importantes
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Ah, como é importante para a formação
de qualquer criança ouvir muitas,
muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um
caminho absolutamente infinito de
descoberta e de compreensão do mundo...
Fanny Abramovich Os primeiros impressos Os primeiros impressos para crianças não tinham nenhuma intenção mais amena. Páginas coladas a um suporte, que a primeira vista podia servir também de palmatória. Começam a ser usadas em 1440 e continuam a aparecer até 1850. Além do ABC incluíam orações, ensinamentos morais ou políticos. Mas logo a criança descobre as anedotas, contos maravilhosos, episódios de cavalaria. E se apossam dessas narrativas populares, que não foram escritas especialmente para elas. Origens da Literatura Infantil O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter significação para todos. A célula máter da Literatura Infantil, hoje conhecida como “clássica”, encontra-se na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se que desde essa época a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São, também, de caráter mágico ou fantasioso, as narrativas conhecidas, hoje, como literatura primordial.
Nela foi descoberto o fundo
fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram durante séculos antes de
Cristo, e se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.
A Literatura Infantil apareceu durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico, que persistem até os dias atuais. O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo “status” concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela. É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta. O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive. Fábulas (do latim- fari - falar e do grego - Phao - contar algo) Narrativa (de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais, que alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade. Nascida no Oriente, vai ser reinventada no Ocidente pelo grego Esopo (Séc. VI a.C.) e aperfeiçoada, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que a enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser conhecidas as fábulas latinas de Fedro. Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora escrevendo para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo. Podemos citar aqui algumas fábulas de La Fontaine: “O Lobo e o Cordeiro”, “A Raposa e o Esquilo”, “Animais Enfermos da Peste”, “A Corte do Leão”, “O Leão e o Rato”, “O Pastor e o Rei”, “O Leão, o Lobo e a Raposa”, “O Leão Doente e a Raposa”, “A Corte e o Leão”, “Os Funerais da Leoa”, “A Leiteira e o Pote de Leite”. Para quem as inventa, a fábula é um jogo de raciocínio. Um jogo ágil e lógico, cujo resultado é um ensinamento. Contos de Fadas Quem lê “Cinderela” não imagina que há registros de que essa história já era contada na China, durante o século IX d. C.. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo, através da tradição oral. Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez...”. Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro. Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento “fada”. Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo). Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível. Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina. O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciativo, para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro “eu”, seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado. Lendas (do latim legenda/legen - ler) Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para supri-la e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo. Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a partir do momento em que o homem sentiu necessidade de procurar uma explicação qualquer para os fatos que aconteciam a seu redor: os sucessos de sua luta contra a natureza, os animais e as inclemências do meio ambiente, uma espécie de exorcismo para espantar os espíritos do mal e trazer para sua vida os atos dos espíritos do bem. A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas.
A lenda, assim, não é mais do que
o pensamento infantil da humanidade, em sua primeira etapa, refletindo o
drama humano ante o outro, em que atuam os astros e meteoros, forças
desencadeadas e ocultas. A lenda é uma
forma de narrativa antiqüíssima, cujo argumento é tirado da tradição. Relato
de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o
verdadeiro. Geralmente, a lenda está
marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Este sentimento é
importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se
pode lutar e demonstra irrecusavelmente, o pensamento do homem dominado pela
força do desconhecido. De origem
muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela tradição
oral.
Poesia
O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário. Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a leitura algo muito divertido. Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação da idéias, e melhor compreensão dentre outros. Pode-se refletir acerca da receptividade das crianças à poesia, lendo as considerações de Jesualdo: “(...) a criança tem uma alma poética. E é essencialmente criadora. Assim, as palavras do poeta, as que procuraram chegar até ela pelos caminhos mais naturais, mesmo sendo os mais profundos em sua síntese, não importa, nunca serão mais bem recebidas em lugar algum do que em sua alma, por ser mais nova mais virgem (...)”
Histórias de Sherazade
Sherazade foi uma das mulheres do
sultão árabe Sheriar. O sultão tinha o hábito de casar-se todos os dias com
uma nova mulher e, no dia seguinte, mandava matá-la. Sherazade, ao casar-se
com o sultão, contou-lhe uma história e a interrompeu na melhor parte. O
sultão, que gostava muito de histórias, deixou-a viver para ouvir a
continuação na noite seguinte. E assim passaram-se mil e uma noites, até que
o sultão resolveu não matá-la mais. “As mais conhecidas são: “Ali Babá e os
Quarenta Ladrões”, “Simbad, o marujo” e Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”.
As Mil e Uma Noites É a mais célebre compilação de contos maravilhosos, que circularam no mundo ocidental. Sua forma original deve ter-se completado em fins do século XV. Entretanto, só no início do século XVIII foi divulgada no mundo europeu, quando Antoine Galland traduziu para o francês uma primeira seleção. Galland, culto compilador/tradutor de textos originais, reuniu nesta fabulosa coletânea textos originário de todas as regiões do Oriente. Fábulas de Fedro Supõem-se que tenha vivido no século I d.C., era filho de escravos, mas era livre. Inspirou-se nas histórias de Esopo, acrescentando melhorias em algumas. Fábulas de La Fontaine Jean de la Fontaine (1621-1695) nasceu na França e conquistou a celebridade através de suas fábulas. Passou praticamente toda a sua vida como hóspede de personagens ilustres (duques e condes) que o admiravam. Apesar de La Fontaine contar fábulas de outros mestres, ele as escrevia mais em verso do que em prosa. Para ele “os animais simbolizavam os homens, suas manias e seus defeitos”. Na fábula A Formiga e o Escaravelho de Esopo, o Escaravelho caçoa da Formiga atarefada, enquanto todos se divertem no verão. O comportamento da formiga fica mais perdoável. Já o nosso querido Braguinha não iria deixar uma colega cigarra nessa situação de penúria. Na sua versão, publicada pela Moderna, a história termina com a Formiga fazendo sua autocrítica: Eu acho que tem razão,/ minha cigarra querida./ Vivo juntando mil coisas / e desperdiçando a vida.
Os
Contos de Fadas de Perrault
Charles Perrault (1628-1703), advogado e superintendente do rei da França, foi o primeiro autor a escrever especialmente para as crianças. Ao aposentar-se, Perrault transformou contos do folclore popular em histórias infantis. Os mais conhecidos são: “A Bela Adormecida”, “Barba Azul”, “O pequeno Polegar”, “O Gato de Botas”.
Charles Perrault publicou em 1697
suas “Histoires ou contes du temps passé” conhecidas como as estórias de
Mamãe Gansa, uma coletânea de oito contos. Perrault é ainda considerado o Pai
dos Contos de Fadas, mas isto é uma coisa que está mudando de figura
ultimamente. Apensar de alguns teóricos ainda não aceitarem, o que o autor
francês realizou não foi uma recolha de estórias da tradição, isenta de
qualquer manipulação. Ao contrário, Perrault ajustou ao gosto e ao propósito
da classe aristocrática, na época, a corte francesa. Embora seja o mais
famoso “Pai”, muitas “Mães” o antecederam, entre elas, Mme. D’Aulnoy, Mme.
Lubert, Mme. de Beaumont... que escreviam como divertimento, sem grandes
pretensões literárias ou intelectuais; enfim, o termo “conto de fadas” tem
sua origem nesta França de Luís XIV.
Os
Contos dos Irmãos Grimm
Os irmãos Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859), eram alemães. Após a morte dos pais começaram a viajar muito a trabalho. As histórias que as pessoas contavam deram aos irmãos a idéia de escrevê-las. As mais famosas são: “Chapeuzinho Vermelho”, “Rapunzel” e “Branca de Neve e os Sete Anões”. Recolhem, diretamente, da memória popular as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral. Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico... E uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o mundo. Tinham dois objetivos básicos com a pesquisa: 1. Levantamento de elementos lingüísticos para fundamentação dos estudos filológicos da língua alemã; 2. Fixação dos textos do folclore literário germânico, expressão autêntica do espírito da raça. Os Contos de Andersem Hans Christian Andersem (1805-1875) viveu na Dinamarca e vinha de uma família muito pobre. Adorava as histórias contadas pelos homens que eram pobres e ficaram ricos. Escreveu cerca de 160 contos, traduzidos em mais de cem idiomas, como “A roupa nova do imperador”, “O patinho feio” e a “Pequena Sereia”. Célebre poeta e novelista dinamarquês, Andersen nasce no mesmo ano em que Napoleão Bonaparte obtinha suas primeiras vitórias decisivas. Assim, desde menino, vai respirar a atmosfera de exaltação nacionalista. A Dinamarca também se entrega à descoberta dos valores ancestrais, não com o espírito de auto-afirmação política, mas no sentido étnico, de revelar o caráter da raça. Tal como fizeram os Irmãos Grimm. Andersen foi um escritor que se preocupou, essencialmente, com a sensibilidade exaltada pelo Romantismo As histórias de Monteiro Lobato O advogado José Renato Monteiro Lobato (1882-1948), nasceu no município de Taubaté, em São Paulo. Em 1911 herda as terras do Visconde de Tremenbé, e descobre a velha estrutura rural do país. Assim nasceu o bem-humorado “Jeca Tatu”, símbolo do caipira brasileiro. Em 1920, Lobato elabora um conto infantil, “A história do peixinho que morreu afogado”, e em 1921, “Narizinho arrebitado”. Estava dado o início para a criação de uma série de aventuras no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Assinava as histórias como José Bento Monteiro Lobato, JBML, que eram as iniciais gravadas na bengala que usava herdada de seu pai. Foi Lobato que, fazendo a herança do passado submergir no presente, encontrou o novo caminho criador de que a Literatura Infantil brasileira estava necessitando. Seu sucesso imediato entre os pequenos leitores ocorreu de um primeiro e decisivo fator: a realidade comum e familiar à criança, em seu cotidiano, é, subitamente, penetrada pelo maravilhoso, com a mais absoluta verossimilhança e naturalidade. Com o crescimento e enriquecimento do fabuloso mundo de suas personagens, o maravilhoso passa a ser o elemento integrante do real. Assim é que personagens “reais” (Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, etc.) têm o mesmo valor das personagens “inventadas” (Emília, Visconde de Sabugosa e todas as personagens que povoam o universo literário lobatiano). Emília é a personagem mais importante para se compreender o universo lobatiano. Ela revela-se como o protótipo-mirim do “super-homem”, com sua vontade e domínio, além de exacerba a vasta produção de Lobato, na área de Literatura Infantil, engloba obras originais, adaptações e traduções. Dentre os originais estão: “A Menina do Nariz Arrebitado”; “O Saci”; “Fábulas do Marquês de Rabicó”; “Aventuras do Príncipe”; “Noivado de Narizinho”; “O Pó de Pirlimpimpim”; “Reinações de Narizinho”; “As Caçadas de Pedrinho”; “Emília no País da Gramática”; “Memórias da Emília”; “O Poço do Visconde”; “O Pica-pau Amarelo” e “A Chave do Tamanho”. Nas adaptações, Lobato preocupou-se com um duplo objetivo: levar às crianças o conhecimento da tradição, o conhecimento do acervo herdado e que lhes caberá transformar; e também questionar, com elas, as verdades feitas, os valores e não-valores que o tempo cristalizou e que cabe ao presente redescobrir e renovar. Nesse sentido, merecem destaque: “D. Quixote das Crianças”; “O Minotauro” e a mitologia grega na série “Os Doze Trabalhos de Hércules”. do individualismo. Contos de Malba Tahan Júlio Cesar de Melo e Souza (1895-1974) nasceram no Rio de Janeiro. Foi educador do Serviço Nacional de Assistência aos Menores e catedráticos de matemática do Colégio Pedro II e da Faculdade Nacional de Arquitetura. Ao adotar o pseudônimo de Malba Tahan, criou uma biografia: Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Hank Malba Tahan nasceu na aldeia de Muzalit, próximo a antiga cidade de Meca... Popularizou a arte de contar histórias nas escolas. Ao todo são 115 obras entre livros didáticos de matemática e contos juvenis. “O Homem que Calculava” é um dos livros mais conhecidos. Autores Modernos A década de 70 ficou conhecida como a época do "boom" da literatura infantil. Com a consolidação do mercado editorial, e a crescente dependência do livro com a escola, aumentou expressivamente o número de autores produzindo para a infância. Surgiram escritoras marcantes como Ana Maria Machado, Sylvia Orthof, Marina Colasanti e Lygia Bojunga Nunes, Ruth Rocha, Roseana Murray. Autores como Ziraldo e Pedro Bloch, dignos "filhos de Lobato", trouxeram o humor de volta ao leitor infantil e juvenil. Encontramos de tudo um pouco nos livros brasileiros para crianças e jovens. O realismo mágico, em que as fronteiras entre a realidade cotidiana e o imaginário se diluem. O maravilhoso, mostrando situações ocorrendo fora de nosso espaço-tempo. Que caminhos a literatura brasileira para crianças e jovens tomará no século que agora se inicia? Não sabemos. Mas temos por certo que essa manifestação artística não pode continuar sendo subestimada ou desprezada pela sociedade ou pela mídia. Nosso país tem inúmeros problemas, e não há um só deles que não possa ser resolvido, ou atenuado, pelo investimento na educação e na cultura de nosso povo. Ora, se falamos em educação / cultura, falamos em livros. Estórias-em-quadrinhos.
As estórias-em-quadrinhos são tão
válidas quanto os livros ilustrados., o interesse maior que os pequenos
demonstram pelos livros ilustrados ou, ainda, pelas estórias-em-quadrinhos,
está na facilidade com que esse tipo de literatura “fala” à mente infantil;
ou melhor, atende diretamente à natureza ou necessidade específicas da
criança. As imagens atingem direta e plenamente o pensamento intuitivo que é
característico da inf6ancia. Daí o
fascínio da meninada pelas estórias-em-quadrinhos não resulte apenas no fato
de gostarem desse tipo de literatura “fácil”, mas porque essa literatura
corresponde a um processo de comunicação que atende mais facilmente à sua
própria predisposição psicológica.
A estória-em-quadrinhos, atacada por
uns e defendida por outros, vem se firmando cada vez mais na indústria
cultural contemporânea. No Brasil, embora ainda não haja uma produção de
estórias-em-quadrinhos que represente o nacional, já existe uma certa
tradição: o primeiro jornal em quadrinhos, dedicado às crianças – o famoso O
Tico-Tico – começou a ser publicado em 1905. Cresce de importância o terreno
conquistado pela arte dos quadrinhos e principalmente o de Maurício de
Souza. Ele é hoje o único desenhista
que vive de quadrinhos, os outros são publicitários, ilustradores,
professores além de desenhistas de quadrinhos. A Poesia destinada às crianças
A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de liberação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história: em seu selo se resolvem todos os conflitos objetivos e o homem adquire por fim a consciência de ser algo mais do que transito. ( Octavio Paz) Nascida em fins do século XIX e expandindo-se nos primeiros anos do nosso século, a poesia infantil brasileira surge comprometida com a tarefa educativa da escola, no sentido de contribuir para formar no aluno o futuro cidadão e o indivíduo de bons sentimentos. Daí a importância dos “recitativos” nas festividades patrióticas ou familiares, e a exemplaridade ou a sentimentalidade que caracterizaram tal poesia. Fazia parte do nosso sistema educativo ( fins do século XIX até os anos 30/40 ) a memorização de poemas que deviam ser ditos pelos alunos nas aulas de leitura ou nas datas festivas. ( Foram inúmeras as queixas que ouvimos de amigos ou familiares mais velhos, ao recordarem a vergonha ou a raiva com que se submetiam a tal recitação obrigatória e que os levou a detestar poesia...).
Entende-se hoje, que o dizer
poesia é algo muito subjetivo e pessoal que não deve ser imposto à criança...
pois só será gratificante se resultar de um gesto espontâneo, feito com
entusiasmo ou alegria. No passado, porém, os objetivos eram outros. A
exemplaridade ultrapassada – leia o poema de “Boas Maneiras”:Mamãezinha me
ensinou / a ser criança educada/ a todos cumprimentar/ para ser apreciada/
cumprimento meus vizinhos/ dos colegas não me esqueço/ agora vão bater
palmas/ se acharem que mereço!
Nota-se ainda a lição de “etiqueta social”, mostrando que o cumprimento às pessoas é uma regra de educação, e não um gesto de comunicação afetiva, como deveria ser... Além disso, há ainda a expectativa da recompensa: por ser “apreciada” em sua boa ação, a criança deve ser “recompensada”...
A socialização das crianças, hoje,
deve ser feita em novas bases. Cecília
Meirelles Uma das vozes mais felizes
na percepção dessa autenticidade infantil foi Cecília Meirelles. A partir dos
anos 30 (e circunstancialmente devido à sua ligação com o magistério e
problemas educacionais), Cecília começa a escrever poemas infantis. De início
divulga-os na imprensa, como é o caso de “A Canção dos Tamanquinhos”,
incluído em várias antologias e manuais escolares. Como grande poetisa que era Cecília
Meirelles, conseguiu o que raros conseguem: manter a pureza do olhar-criança
e a capacidade sempre renovada de se encantar com coisas simples do mundo.
Ela transforma as palavras, como numa brincadeira-de-sons, dinâmica e
colorida.
Vinícius de Moraes Os poemas infantis de Vinícius de Moraes ( poeta que se notabilizou por suas criações para a música popular brasileira) foram escritos ao longo dos anos e ao sabor das circunstâncias, foram reunidos em livro, em 71. Poeta do Amor e da Sensualidade mais profunda, Vinícius não seria, talvez, a voz adequada para falar às crianças. Entretanto ele o fez e em muitos momentos de sua poesia infantil reencontra a ingenuidade do olhar antigo e se deixa arrastar pelo ludismo, que é indispensável à comunicação com a criança. Pra isso, o professor terá claro, que ler um montão de livros. Separar os que são fraquinhos os que contam histórias sem graça, os que não dão nenhuma idéia nova pra resolver um velho problema, os que repetem o que todo mundo já sabe dum jeito chatoso, os que são mal-escritos.
Livros fracos existem claro. E de
montão. Até podem ser usados em classe, se se trabalhar muito e sempre com o
sentido crítico do aluno. Esteja ele na 1ª ou na 8ª série. Tanto faz. Saber
explicar por que gostou ou não gostou, por que se encheu ou se maravilhou o
que achou tão bonito que teve vontade de copiar no caderno, o que sentiu como
tão bocó que até pulou uns pedaços, por que aquele personagem não convenceu
de jeito nenhum, por que amou de paixão deslavada outro... Criticar sempre. Ler com atenção e dar a
sua opinião. Própria, particular, única. Com qualquer texto que leia. Saber
perceber o que aquela história possuía de especial ou de comunérrima. Saber
diferenciar. Sacar o que aprendeu, o que estimulou o que deu vontade de
reler, de ir mais longe e mais fundo, o que não quer saber mais, pelo menos
por enquanto, daquele autor ou daquele tema.
E se o aluno se encantar com um
autor ou com um gênero, ir além naquela procura. Ler mais e novos livros
daquele escritor tão especial, ou tão divertido, ou tão cutucante, descobrir
livros de antigamente que ele, um dia, escreveu sacar sua obra duma maneira
mais ampla. Se o aluno curtiu a leitura dum policial ou de poesias, mergulhar
fundo em outras publicações desse tipo de escrivinhação. Abrir o leque de
autores que mergulharam nesse jeito de escrever, comparar histórias e
soluções, palavras e belezuras, finais e ritmos, cadências e coloração.
Ah, como é bom saber sacar outros
tons, outros subtons, outras cores, outras linhas e entrelinhas... Ler com os
olhos, com os poros, com as bateduras do coração, com o entusiasmo de quem se
entregou a uma nova aventura. Pura aventura!Quando for ler poesia em classe,
ou textos de pura prosa poética, deixar o aluno ler em voz alta. Curtir cada
palavra, degustar cada imagem, se divertir com cada achado. Se embalar no
ritmo, balançar com cadência, sublinhar cada boniteza especial. Deixar viver
a comparação. O verso ou frase que um gostou mais é diferente da do aluno que
senta ao lado.
A palavra ou parágrafo que outro
curtiu apaixonadamente passou despercebido do colega. Trocar essas
descobertas pode ser uma grande ampliada. Linda! E depois, quem quiser,
copiar mo caderno ou agenda aquela maravilha lida, pra poder usar numa carta
especial, reler de noitinha, falar baixinho pelo telefone. Arrepiante!!Quando
se for ler um texto divertido, que se sublinhe a graça. Pra uns estava em
outro lugar, pra outros nem foi sacada, por outros nem foi entendida enquanto
humor deslavado. Trabalhar com isso, sublinhar, fazer aparecer, perguntar, pedir
pra ler
Diálogos inteiros em voz alta, colocar aqueles personagens em outros lugares ou diferentes situações, inverter, se divertir.
Que gostosura plena é ler um
livro bem-humorado, com lances inacreditáveis, com diálogos inusitados, com
situações não previstas ou nem imaginadas pelo aluno. Maior delícia! Provoca
a gargalhada pura e deliciosa. Refrescante! Quando for ler uma história de
medo, não ter medo do medo. A criança gosta de senti-lo. É uma sensação
prazerosa. Coração batendo, arrepios nas costas, mãos se cruzando, unhas se
arrastando. E depois, ler que o medo foi enfrentado, vencido. Vitória,
vitória!! Baita livro. Histórias de terror fazem parte do repertório
universal desde sempre. São explicações de enfretamento, de não temer o não
saber encarar.
Qualquer um pode, de seu jeito
particular, enfrentar suas florestas, suas feras, seus gigantes e vampiros. E
sair vitorioso, porque foi à luta. Porque não temeu o que só estava ali pra
provocar, para medir forças e ameaçar. Precisa apenas Ter coragem, valentia,
artimanhas e jeitos pra achar a solução. Dá pra encarar, lutar de ganhar!E
quando for necessário ler histórias tristes, sobre vida e morte, dores e
sofrências, perdas e temores, abandonos e incompreensões, rejeições e desafetos,
ir fundo. Não passar rapidinho por cima das grandes questões vitais. Elas
requerem tempo para serem deglutidas, compreendidas, vividas. Não podem Ter
um tratamento superficial, porque o tema incomoda. Vida incomoda??
Crescimento não é doloroso?? Perdas não causam danos?? Rejeições não são
sofridas?
Fazem parte da vida e de todos.
De qualquer idade. Bom poder ler sobre isso tudo numa historia que mostra que
outros já passaram por aquelas angustias todas. E resolveram a seu modo.
Talvez o jeito que foi enfrentado possa ser um espelho pro leitor. É lendo a
resposta que podemos encontrar a nossa.
E depois do livro lido e vivido, sentido e sacado, pedir que façam
desenho, teatralizem, inventem novas situações.... E tantas outras idéias que
cada livro dá. Fazer vibrar! Ler é um prazer. É uma gostosura. São
possibilidades infinitas de descobrir o mundo, os outros. São respostas,
novas perguntas, achados. Mas pro aluno ser um apaixonado, é preciso que o
professor também seja. Por isso, aqui vai minha sugestão: comece agora, sem
canseira, sem monotonia, sem bobice de preguiças, leia!
Você terá muito que contar e com
o que se encantar...
A LITERATURA INFANTIL NA ESCOLAQuem já não se imaginou calçando um sapatinho de cristal e levando doces à casa da vovó? Quem um dia não viu o patinho feio e o achou belo? Quem não quis nunca casar com uma princesa ou ser beijada por um príncipe? Muitos de nós fomos conversar com Pedrinho e Narizinho lá no Sítio do Pica-Pau Amarelo e até concordaram com várias idéias brilhantes da boneca Emília, sempre refletindo e falando aquilo que lhe é conveniente. Vivemos muitos momentos mágicos ao ler uma história! Ler livros de literatura infantil é descobrir a passagem para um mundo não só de fantasias, mas também de realidades. Ler histórias nos permite vivenciar essas experiências em diferentes momentos, não participando enquanto personagem delas, mas como leitor. Elas nos fazem refletir sobre esse mundo ficcional e também sobre o mundo que nós vivemos, nos levando a estabelecer relações entre eles, ou seja, vemos o que acontece e o que é possível acontecer. Então formamos nossas opiniões, conceitos e idéias através de vozes diferentes, que percorrem os tempos e também todo o planeta. Porém, enquanto educadores em formação nos cabem perguntar: como começou essas histórias, ou melhor, qual a história que fez surgir as histórias de literatura infantil? Como podemos usá-las em nossas escolas? E por fim, pra que elas servem? O mundo da literatura infantil é mágico. Digo isto porque as palavras têm o poder de nos envolver e transportar para um lugar que não é só imaginário, mas também é real. É real porque se pode viver um momento ímpar, mesmo que ele seja fruto de um imaginar, sentir, fruir, aprender ou sonhar... Porém, esse entendimento nem sempre perpassou as cabeças dos homens durante o passar dos tempos. Quando surgiu a literatura infantil e também a escola, a ideologia que ambas possuíam era controlar o desenvolvimento intelectual da criança, manipulando suas idéias e sentimentos. Esse pensamento baseava-se na concepção de infância que estava em voga no final do século XVII e durante o século XVIII, época em que foram escritos os primeiros livros para crianças, pois antes disso, não existia tal idéia. Os pedagogos e professores escreveram os primeiros textos para crianças e eles possuíam um forte intuito educativo. Em meio a Idade Média surgia um novo conceito de família, que consistia na idéia de família nuclear moderna, a unicelular, a qual valorizava o aspecto doméstico, o casamento, a educação de herdeiros, a privacidade. Ele construiu uma identidade através da intimidade, reforçando as relações de parentesco e aflorando o afeto entre seus membros, surgindo uma atenção especial à infância. Então esta se tornou o eixo básico desse modelo doméstico de família, e ela materializou sonhos dos adultos. O que na verdade eram sonhos para os adultos não passavam apenas de idéias descabidas, mas que eram vistas pelos adultos como atitudes conscientes das crianças. Estes sonhos seriam tudo o que eles desejavam, refletiam a idéia de conservação da pureza das crianças durante a infância, estágio tão belo da vida, em que não há a preocupação com a idéia de sustentar uma família, apenas de consumir, como se elas o fizessem pelo simples motivo de explorá-los. Os sonhos correspondiam a esta utopia, colocando nas entrelinhas que a criança somente daria prejuízos, fortificando a superioridade do adulto, tornando-a frágil e manipulável. Nesse sentido, é possível compreender a concepção de literatura e escola citadas inicialmente. A escola teve o papel de introduzir a criança na vida adulta, reunindo-as em grupos com características semelhantes. Ela também teve de protegê-la das maldades do mundo, tendo o professor como uma autoridade. Assim, a concepção de infância da época comunga com as palavras de Bernard Charlot, “... a criança define-se assim, ela própria, com referência ao que o adulto e a sociedade querem que ela seja e temem que ela se torne, isto é, do que o adulto e a sociedade querem eles próprios tornar-se.” Essa escola não trabalhava com a realidade do mundo infantil e negava a convivência social, apenas ensinando-lhe as normas. Essa educação normativa manifestava os ideais burgueses, ou seja, colocava as regras ditadas por aqueles que tinham o poder. Essa burguesia, que estava em ascensão nos séculos XVIII e XIX, estava também diretamente ligada à expansão e ao aperfeiçoamento do ensino escolar e também ao surgimento de uma pedagogia controladora. O professor, nesse sentido, colabora no processo de dominação, submetendo-se a vontade de classes poderosas. Assim, não podemos negar que a literatura infantil, a escola, bem como o livro, compartilhavam uma mesma função, reproduzindo o mundo adulto. Esse adulto interferia no mundo imaginário da criança incutindo ideologias e impedindo a reflexão. Os textos produzidos para a escola se revelavam nas palavras de Regina Zilberman como “... um manual de instruções, tomando o lugar da emissão adulta, mas não ocultando o sentido pedagógico”. Portanto, com a entrada do livro na escola, a sociedade quis produzir seres dependentes que adotam normas impostas sem discuti-las. O caráter normativo dado à literatura, atualmente mudou. Hoje falamos de uma educação formativa. A escola, o livro, bem como a literatura infantil, e as relações entre eles e as suas especificidades estão dirigidas à formação de um indivíduo, mesmo que essa seja conformar-se com o pensamento existente. A literatura, através da ficção, reproduz uma realidade vivida pelo leitor no cotidiano, possibilitando um diálogo com ele. A escola, através das diferentes áreas do conhecimento apresenta a realidade. Neste sentido, ambas não se identificam, apesar de se completarem por terem um fim pedagógico e um único objetivo: o ensino e a aprendizagem. Numa articulação entre escola, literatura e livro indicaram que eles se entrelaçam. A escola sempre teve a função de reproduzir aspectos sociais para adestrarem os alunos, para que eles obedecessem aos padrões ideais. Hoje ela tem a função de transformar a sociedade, revendo esses valores, padrões e ideais pregados por uma educação normativa. A literatura infantil, que conforme a idéia de Cecília Meirelles “... é um exercício de poética e beleza, que é escrito para qualquer pessoa e que possa agradar a criança permite através do auto-estranhamento a reflexão e a análise que, em conjunto com a escola, pode conseguir desequilibrar e formar novas estruturas que levem o sujeito a pensar com criticidade e elaborar opiniões próprias. Porém, sem o registro dessa literatura através dos livros, não haveria como esta chegar à escola, pois a língua oral, a memória, tem seu valor, contudo é efêmera. O que é impresso, escrito, permanece na vida dos homens muito mais tempo. Livros deixam de ser materiais de instrução e passam a carregar heranças da história, do presente e do futuro. O aluno, que muitas vezes chega à escola sem conhecer a literatura e o livro, tem a oportunidade de relacionar-se com novas possibilidades de crescimento. Sendo assim, a escola é um espaço para estabelecer uma relação entre literatura, livro e criança. Vejam então a responsabilidade do professor. Ele precisa propor atividades que façam a criança refletir e construir conhecimentos a partir da literatura infantil, porém necessita estar atento também a qualidade dos livros a serem trabalhados. O professor deve estar consciente que ler histórias para crianças não é só propor uma aprendizagem. É propor que as crianças se tornem leitoras, andando por um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. Ler histórias para criança é sempre oportunizar que elas possam sorrir e dar gargalhadas com situações vividas pelos personagens, com idéias de um conto ou com o jeito de escrever do autor, e então ser um pouco cúmplice deste momento de humor, de brincadeiras, de fruição. É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida e, responder a tantas perguntas e encontrar outras idéias para solucionar questões que incomodam o ser humano durante a infância (como os personagens fizeram.). O PROFESSOR E SEU TRABALHO COM A LITERATURA INFANTIL O professor tem em suas mãos a tarefa de propor ao aluno situações de aprendizagens para (re) construção do conhecimento. A literatura infantil é um instrumento que contribui para elaboração destas situações. Sendo assim, é importante que ele tenha conhecimentos sobre este elemento tão importante e também saiba como utilizá-lo de forma que se preserve a função real da literatura. Um projeto que privilegie a literatura infantil, segundo Nelly Novaes, deve ter clara a concepção de infância, enxergar a literatura como um fenômeno da linguagem, estabelecer relações entre literatura, história e cultura, entender a leitura como um diálogo entre o leitor e o texto tendo consciência que a escrita é fruto dessa leitura e olhar a escola como um espaço privilegiado. O trabalho com a literatura infantil, como a própria Regina Zilberman coloca
“...
desemboca num exercício de hermenêutica, uma vez que é mister da relevância
ao processo de compreensão, pois é esta que complementa a recepção, na medida
em que não apenas evidencia a captação de um sentido, mas as relações que
existem entre a significação e a situação atual e histórica do leitor."
Assim convém ao professor estabelecer critérios para a seleção do livro a ser trabalhado em sala de aula. Ele deve estar atento à escolha do texto e sua adequação ao leitor considerando sua qualidade estética e não veiculando ela apenas ao ensino de regras gramaticais ou normas de obediência. As crianças necessitam ler bons textos para compreenderem a literatura como um meio de pensar a realidade e não de apenas vê-la como algo imutável, com regras a serem obedecidas. E, além disso, enxergar estes textos com um elemento que não traz o ensino da língua como um único fim. Sendo assim, além da qualidade estética, deve-se considerar o aspecto inovador da obra, assinalando aquilo que vivemos, mas desconhecemos. É relevante analisarmos o enredo, os personagens, os valores impressos, porém é mister notar que “é esta coincidência entre o mundo representado no texto e o contexto do qual participa seu destinatário que emerge a relação entre a obra e o leitor” . E este é o principal critério a ser considerado: escolher um livro que faça nascer uma relação entre ele e a criança, que dificilmente será rompida com o passar do tempo. Contudo estes critérios não são uma maneira de estar trabalhando determinados gêneros literários, e sim de dar abertura à criança para se envolver com aqueles que teriam mais afinidade. Portanto, cabe ao professor oferecer estes diferentes gêneros como os contos de fadas, fábulas, lendas, poemas e outros. Cada um destes gêneros traz diferentes valores a serem considerados pelo professor. Estes vêm mudando conforme a realidade que se vive, atualmente, correspondendo ao: a) Espírito solidário, que enxerga o sujeito como parte do todo; b) Questionamento da autoridade como poder absoluto; c) Sistema social de transformação, elevando o “ser” sobre o “ter”; d) Moral da responsabilidade, na qual o sujeito procura agir conscientemente em relação ao outro; e) Sociedade sexófila, tratando o sexo como algo natural do ser humano; f) Redescoberta do passado; vendo a origem das relações do ser humano; g) Evolução contínua da vida, vendo a morte como uma transformação e não um fim; h) Valorização da intuição fazendo desaparecer os limites entre a realidade e imaginação; i) Anti-racismo, uma forma de reconhecer as diferenças raciais; j) A criança é um ser em formação. É importante lembrar que vários livros trabalham valores inversos a estes, e que é interessante confrontá-los para se perceber a coerência de determinados aspectos com a realidade existencial. E o gênero literário pode ajudar neste trabalho, retratando a essência da função dos textos literários. GENÊROS LITERÁRIOS E SUAS CARACTERÍSTICAS Um elemento essencial na formação da criança é a leitura. Ler é o que proporciona, ao longo de nossa existência, as condições para o crescimento do homem. Werner Zotz, em uma entrevista a Sueli Cagnetti coloca que a leitura “... desenvolve a reflexão e o espírito crítico. É fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo. Propicia o crescimento interior. Leva-nos a viver as mais diferentes emoções, possibilitando a formação de parâmetros individuais para medir e codificar nossos próprios sentimentos. Assim, é o necessário pensar: o que ler? Por que ler e para que ler? Estes dois últimos questionamentos foram respondidos no parágrafo anterior, porém o que ler é algo a ser pensado. Tratando-se do projeto de literatura infantil do qual vimos discutindo nos remeteremos essencialmente aos gêneros literários. Estes gêneros, foram determinados, na antigüidade por Aristóteles, o lírico, o narrativo e o dramático. O gênero lírico abrange as poesias, com elegias, sonetos, odes, madrigais e baladas. O narrativo trabalha a ficção, com contos, romances , novelas, fábulas, mitos, lendas e outros. E o dramático, abrange o teatro com a ópera, a farsa, a tragédia, a comédia... Vários elementos determinam a singularidade de cada um deles, no entanto todos provêm da idéia de que a realidade precisa ser analisada e questionada, bem como discutida, elogiada e vivenciada. Sendo assim reforçamos a idéia de que a leitura, conforme estes gêneros, deve ser vista, vivida, falada, ouvida, contada. LITERATURA INFANTIL E ESCOLA: UM PONTO DE VISTA Trabalhar com a literatura infantil na escola é abrir as cortinas do mundo para uma platéia de seres que buscam a construção do ser como sujeitos de uma sociedade. Cabe ao professor deixá-los sedentos de descobertas. Através da leitura como fruição haverá a reflexão, e por fim a aprendizagem. A literatura infantil fará com que essa aprendizagem sirva para a constituição de sujeitos que simplesmente não pertençam a uma sociedade, porém a questiona e a transforma. O professor precisa ler para que seus alunos possam ser possuídos pelo texto e assim se apaixonem pela literatura infantil. A escola, representada na sala de aula pela sua pessoa, tem essa responsabilidade: de fazer os alunos se apaixonarem não só pela literatura, mas também pela leitura. Ao trabalhar projetos que privilegiem a literatura infantil nas escolas, possibilitamos a emancipação do ser pelo saber, rompendo a idéia que deu origem à escola e á literatura: a manipulação deste mesmo ser. Portanto, devemos esquecer o trabalho com fichamentos, a interpretação com perguntas e respostas, pois estaremos matando o gosto pela leitura. Werner Zotzcoloca que a escolha do livro pelo próprio leitor é, inicialmente, um bom começo para construir uma relação entre ambos. Os fichamentos não são a única forma de avaliar o rendimento do aluno quanto a leitura, que por sua vez deve ser tomada como um conteúdo para trabalhar na escola. Os debates, leitura crítica e comparativa de jornais, dramatização visitas a biblioteca, conversas com o autor do livro, são idéias para trabalhar o livro em sala, desenvolvendo no aluno a capacidade de pensar e crescer. Assim, avaliar o rendimento da leitura é inútil enquanto não temos alunos que encontrem o prazer no ato de ler. Os livros não podem servir de pretexto para uma simples avaliação. E para que seja descoberto este prazer podemos usar os contos de fadas, contos maravilhosos, jocosos, acumulativos, as fábulas, os poemas, lendas, mitos, alegorias e até histórias em quadrinhos. Com este repertório, podemos oferecer à criança conhecimentos sobre os diferentes tipos de textos, e escolherá ler aquele que terá mais afinidade, espontaneamente, pois um leitor se forma de diferentes maneiras. Neste sentido cabe ainda discutir: se tanto precisamos fazer pela construção do leitor considerando a literatura infantil como um caminho a ser usado pela escola, qual deve ser a formação do professor? Usar a literatura infantil na escola pede que se tenha um professor com os conhecimentos necessários para trabalhar em sala de aula com as crianças. Eles precisam, em sua formação inicial e também continuada, de possibilidades que demonstrem como usar a literatura em função da formação do ser. Assim, concordamos com as palavras de ZILBERMAN [10] quando coloca que é necessário “... a introdução da literatura infantil alçada à condição de participante do currículo do ensino universitário”. O professor deve estar repertoriado para poder desenvolver um bom trabalho com a literatura infantil e garantir que a função dela seja efetivada. A literatura infantil na escola possibilita que se faça cumprir o ideário de educação tão comentado na atualidade: a transformação. A escola necessita de elementos que façam cumprir este ideal. Sendo assim, pode contar com a principal função da literatura infantil: refletir sobre a realidade, desmontando-a e remontando-a na busca da formação de opiniões críticas que questionem a situação real em que se vive. Assim podemos concluir que além de haver um novo caminho a ser seguido pela escola, estará se rompendo a concepção tradicional de educação. O ser humano terá na escola o movimento que contribuirá efetivamente com seu processo de humanização e hominização. Isso é possível através da íntima relação existente entre a literatura e a leitura. Esta relação é um caminho que ajuda a garantir aspectos importantes para formação do leitor, segundo Zotzo acesso à leitura como direito de todos, como processo contínuo de aprendizagens, como formador de seres pensantes e como lazer. Portanto, enquanto professores em formação, a oportunidade de refletir sobre a literatura infantil na escola, com certeza contribuirá para abrir caminho à concretização do objetivo da educação, da escola e da própria literatura: formar leitores. Leitores críticos que façam acontecer a transformação da nossa sociedade. A Contribuição de Cecília Meirelles
A
leitura e a literatura na Educação Infantil.
A
leitura e a escrita são instrumentos essenciais na vida do homem, mesmo que
vivamos em uma sociedade marcada pela mídia, pela televisão e outros meios de
disseminação da cultura. As letras e sua aprendizagem possibilitam a
ampliação do conhecimento de mundo e acesso às diferentes formas de
comunicação necessárias na vida em sociedade, o uso do computador, por
exemplo, exige o domínio da leitura e da escrita. A prática da leitura e a
produção da escrita, no âmbito escolar, são iniciadas na pré-escola e
fundamentalmente nas séries do ensino fundamental.
O
trabalho da leitura nas séries da educação infantil é extremamente importante
no desenvolvimento cognitivo, intelectual e emocional da criança. Contudo,
esta não tem ocupado o espaço que merece. A cultura das letras não tem sido
tratada com o devido cuidado por boa parte dos profissionais que atuam na
educação infantil contemporânea embora haja uma movimentação no sentido de
reafirmar sua importância. Destaca-se, independentemente do marcante
ecletismo do qual o documento é constituído, o que o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 117) disserta a respeito
deste assunto:
A
aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos importantes para
as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de participação nas
diversas práticas sociais. [...] A educação infantil, ao promover
experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um
trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de
ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo
letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento
gradativo das capacidades associadas às quatro competências lingüísticas
básicas: falar, escutar, ler e escrever.
As
instituições e profissionais da educação infantil devem procurar organizar
sua prática de forma a promover, pouco a pouco, o interesse da criança pela
leitura de histórias; a sua familiarização com a escrita por meio de
participação em situações nas quais a escrita se faz necessária e do contato
cotidiano com livros, revistas e outros materiais; a escuta e apreciação da
criança dos textos lidos e das leituras feita pelo professor; a escolha de livros pela criança
para ler e apreciar, entre outros (BRASIL, 1998).
A
leitura orientada é um elemento essencial no processo de compreensão do mundo
e de comunicação. É por meio da leitura que se tem oportunidades de adquirir
conhecimentos e cultura. Ler não é somente um ato de decodificar signos
lingüísticos; uma boa leitura pode proporcionar, além de informações,
aprendizado para a vida, gosto por ler, diversão, entretenimento, reflexões
sobre assuntos importantes, crescimento pessoal, entre outros. A leitura pode
possibilitar ao indivíduo obter sua autonomia cognitiva ao adquirir cultura e
informações que possibilitam a ampliação de conhecimento de mundo. Sobre a
importância da leitura Yunes e Pondé (1988, p. 145)
Destacam:
Ler
é importante para a emancipação do leitor, para um melhor estudo e
conhecimento da língua, para o alongamento das experiências pessoais e um
maior conhecimento do mundo, para dar prazer. A fruição solitária do livro é
um lazer produtivo, pois não se reduz apenas a um passatempo, uma vez que tem
função social, cultural e educativa.
O
leitor, no momento da leitura, também se transforma em alguém que produz
conhecimentos, construindo sua cultura. Para Ezequiel Theodoro da Silva
(1986), a leitura não consiste em um processo passivo, porque, com ela, podemos
descobrir, recriar, reproduzir, entre outras atividades. O leitor, além de
partilhar e recriar referenciais de mundo no momento da leitura,
transforma-se em um produtor de acontecimentos pela sua vontade de aprender,
por sua compreensão e consciência crítica. Nesse sentido, “[...] ler é um
modo não só de conhecer, mas também de praticar a cultura” (SILVA, 1986, p.
26).
O
interesse pela leitura e o hábito de ler são expressões de leitores que podem
ser desenvolvidas pelos indivíduos na infância. Bamberger (1987, p. 92)
afirma que: O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura
é um processo constante, que começa no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na
escola e continua pela vida afora, através das influências da atmosfera cultural
geral e dos esforços conscientes da educação e das bibliotecas públicas.
O
meio social no qual a criança encontra-se inserida exerce imensa influência
no desenvolvimento de seu hábito de leitura e em sua maneira de conceber os
benefícios e utilidade de torna-se um leitor assíduo. O despertar do
interesse pelos livros passa obrigatoriamente pelos primeiros anos e pela
escolarização. As crianças que não puderem beneficiar-se desse estímulo
estarão certamente prejudicadas em relação às demais que, pelo meio familiar
e escolar, descobriram a leitura. Assim os adultos têm um papel decisivo na
iniciação que poderá transformar-se em prazer ou desprazer quase que
definitivos [...] (YUNES; PONDÉ, 1988, p. 56).
Os professores e o ambiente escolar possuem um papel fundamental no
desenvolvimento do hábito da leitura escrita dos alunos. Os professores
podem, na sala de aula, proporcionar experiências variadas e coletivas de
incentivo à leitura, além de apoiar e orientar pais para esta atividade em
casa. A leitura escrita deve sempre ser trabalhada na escola como algo
dinâmico, jamais ser vista apenas como um processo de decodificação de signos
lingüísticos, mas como um meio de desenvolvimento do indivíduo, que pode se
transformar em um sujeito mais autônomo e ativo na construção da sociedade.
O
professor, na sala de aula, pode orientar e criar condições para que o aluno
realize suas leituras e reformule ou amplie seus conhecimentos prévios, que
podem ser do senso comum ou até mesmo de caráter científico. Ao trabalhar com
a leitura de qualquer gênero de texto, por exemplo, o professor poderá
orientar e subsidiar seus alunos para que consigam desfrutar mais do conteúdo
do texto, seja indicando de que forma lê-lo ou alertando para certos aspectos,
trabalhando com a mensagem do texto e com as diversas interpretações que ele
possibilita.
Para Richard Bamberger (1987), a leitura é um meio eficaz de
desenvolvimento sistemático da linguagem, do conhecimento e personalidade do
leitor, e trabalhar com a linguagem significa, ao mesmo tempo, trabalhar com
o homem. O processo de transformar símbolos gráficos em conceitos
intelectuais exige grande atividade do cérebro; durante o processo de
armazenagem da leitura, coloca-se em funcionamento um número infinito de
células cerebrais. A combinação de unidades de pensamento em sentenças e
estruturas mais amplas de linguagem constitui, ao mesmo tempo, um processo
cognitivo e um processo de linguagem. A contínua repetição desse processo
resulta num treinamento cognitivo de qualidade especial. Esse treinamento
cognitivo consiste em trazer à mente alguma coisa anteriormente percebida, e
em antecipar, tendo por base a compreensão do texto precedente; a repetição
aumenta e assegura o esforço intelectual (BAMBERGER, 1987, p. 10).
Dessa forma, os livros são, além de importantes elementos que portam
conhecimentos, imprescindíveis auxiliares de educadores na tarefa de atingir
objetivos educacionais. A leitura consiste numa “[...] forma exemplar de
aprendizagem” (BAMBERGER, 1987, p. 10), uma vez que o aperfeiçoamento da
habilidade de ler acarreta o desenvolvimento da capacidade de aprender como
um todo. O indivíduo, no momento da leitura, pode confrontar criticamente
suas idéias com as idéias do autor do texto, ato que possibilita a formação
de novos conceitos pelo leitor. Pode, ainda, reafirmar seu conhecimento
anterior ou, então, mudar seu pensar ou criar novos pensamentos, após a
leitura, ao estabelecer relações entre o texto e suas concepções existentes,
por meio de uma leitura crítica, que tende a “evoluir” para uma leitura
criativa, na medida em que a síntese conduz a resultados completamente novos.
Na leitura, destaca-se de o fato do leitor desenvolver sua capacidade
assimilatória e de interpretação de conteúdos na passagem para leituras de
textos mais longos e de níveis mais elevados. Assim, o ato de ler é “[...] um
processo mental de vários níveis, que muito contribui para o desenvolvimento
do intelecto” (BAMBERGER, 1987, p. 10).
Em relação ao trabalho com a leitura e a
literatura na educação infantil, é importante ressaltar que esta prática
possibilita o trabalho com a linguagem, que, por sua vez, se constitui em
“[...] um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua importância para a
formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação
das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no
desenvolvimento do pensamento” (BRASIL, 1998, p. 117).
Sendo assim, afirma-se ser importante o professor utilizar textos e
livros literários na educação infantil de modo a promover o trabalho com a
linguagem oral e escrita; possibilitar a ampliação de conhecimento pelo aluno
acerca da variedade de escritos presentes no meio social; proporcionar o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional do aluno, assim como o
desenvolvimento de sua comunicabilidade e a formação de bons hábitos de
leitura. Para tanto, é necessário que a ação do educador seja embasada por
“intencionalidade”, a fim de que os alunos realizem atividades propostas com
sentido e sejam partícipes do seu processo de aprendizagem.
Cecília Meireles apontava a necessidade de se ofertar livros de
qualidade às crianças (MEIRELES, 2001a). Para ela, a oferta de bons livros ao
leitor infantil proporcionava o desenvolvimento de todas as suas habilidades
de leitura e também intelectuais. Considerava importante que entregassem às
crianças livros com atrativos, que estimulassem a leitura, tivessem boa
nitidez e figuras: [...] o livro infantil deve ter um aspecto gráfico
perfeitamente educativo: isto é, capaz de estimular todas as faculdades do
leitor; porque a ilustração não serve apenas para reproduzir o que vem
escrito (MEIRELES, 2001a, p. 120).
Sobre as ilustrações nos livros infantis, Bamberger (1987) aponta que
as crianças, antes da linguagem das letras, entram em contato com a linguagem
das gravuras. É importante que o
material de leitura inicial contenha figuras em grande quantidade, as
ilustrações por gravuras exercem imensa atração aos leitores principiantes,
elas realçam o texto, enfeitando-o, estimulam o interesse do leitor, dividem
estruturalmente o livro e auxiliam a tornar um texto compreensível.
Cecília Meireles considerava que faziam parte da literatura infantil
as obras as quais as crianças sentiam vontade de ler e as liam com agrado. Na
verdade, o que existia, em seu entender, era uma literatura geral,
caracterizada pela literatura oral e escrita, da qual a literatura infantil,
juntamente com os demais gêneros, fazia parte. Não era conveniente dividir a
literatura infantil em aspectos moral, instrutivo e recreativo, uma vez que
estes aspectos não eram isolados, estabeleciam entre si relações
fundamentais. De acordo com a autora, na verdade, são as crianças que
delimitam a literatura com a sua preferência. [...] Costuma-se classificar
como Literatura Infantil o que para elas (crianças) se escreve. Seria mais
acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer.
Não haveria, pois, uma Literatura Infantil “a priori”, mas “a posteriori”.
(MEIRELES, 1979, p. 19) [...] em lugar de se classificar e julgar o livro
infantil como habitualmente se faz, pelo critério comum da opinião dos
adultos, mais acertado parece submetê-lo ao uso – não estou dizendo a crítica
– da criança, que, afinal, sendo a pessoa diretamente interessada por essa
leitura, manifestará pela sua preferência, se ela satisfaz ou não.
Pode até acontecer que a criança, entre um livro
escrito especialmente para ela e outro que o não foi, venha a preferir o
segundo (MEIRELES, 1979, p. 27).
Defendia que era preciso colocar à disposição das crianças diversos
livros, mas dotados de valor científico, poético e moral. O livro deveria ter
assunto útil, posto de maneira agradável para um melhor aproveitamento pelo
leitor de sua mensagem. Era preciso, porém, que se ofertassem bons livros,
porque, entre “não ler” e “ler” um livro ruim, era preferível não ler.
Acreditava na importância do livro na formação do indivíduo, entendia que
livro podia ser o “melhor” ou também o “pior” dos elementos de auxílio à
educação das crianças. Dessa maneira, afirmava ser preciso que os
responsáveis lessem os livros antes de confiarem a elas.
Um livro de literatura infantil é, antes de tudo, uma obra literária.
Nem se deveria consentir que as crianças freqüentassem obras insignificantes,
para não perderem tempo e prejudicarem seu gosto. Se considerarmos que muitas
crianças, ainda hoje, têm na infância o melhor tempo disponível da sua vida;
que talvez nunca mais possam ter a liberdade de uma leitura desinteressada,
compreenderemos a importância de bem aproveitar essa oportunidade.
Se a criança, desde cedo, fosse posta em contato
com obras-primas, é possível que sua formação se processasse de modo mais
perfeito (MEIRELES, 1979, p. 96).
Cecília Meireles entendia que as bibliotecas eram locais fundamentais,
em que deveria haver imensa e variada quantidade de livros para as crianças
escolherem. As Bibliotecas Infantis correspondem a uma necessidade da época,
e têm a vantagem não só de permitirem à criança uma enorme variedade de
leituras mas de instruírem os adultos acerca de suas preferências. Pois, pela
escolha feita, entre tantos livros postos a sua disposição, a criança revela
o seu gosto, as suas tendências, os seus interesses. Compõem-se as
Bibliotecas Infantis de todos os livros clássicos, e dos que se vão
incorporando a essa coleção. Deviam ser anotadas as preferências das crianças
sobre essas leituras, para informação dos que se dedicam ao estudo do assunto
(MEIRELES, 1979, p. 111).
Para a autora, a leitura na infância não era um “passatempo” e sim uma
“nutrição” (MEIRELES, 1979, p. 28). Era preciso que a criança ocupasse o
tempo disponível para leitura com livros que proporcionassem bons momentos de
aprendizagens. O dicionário e as enciclopédias, em seu entendimento, eram
livros de qualidade, sendo obras que deveriam estar constantemente presentes
na vida das crianças (MEIRELES, 2007).
Posta a fundamental necessidade da leitura e da literatura na infância
para Cecília Meireles, observam-se, na seqüência, as características a serem
priorizadas no material a ser utilizado.
Características gerais da boa literatura
educativa.
Para Cecília Meireles, os livros que proporcionavam um bom
aproveitamento de leitura eram aqueles que possuíam conteúdos de qualidade. O
conteúdo e a organização do livro eram aspectos que atraíam o leitor e o
instigava à leitura. Nem sempre o mais belo livro era o que apresentava um
conteúdo rico e harmônico.
Os livros que mais têm durado não dispunham de tamanhos recursos de
atração. Neles, era a história, realmente, que seduzia, sem publicidade,
sem cartonagens vistosas, sem os mil recursos tipográficos que hoje solicitam
adultos e crianças fascinando-os antes de se declararem, como um amor à
primeira vista (MEIRELES, 1979, p. 33).
Embora o conteúdo fosse o fio condutor do livro, isso não impedia de
ter atrativos e apresentar gravuras e figuras. As ilustrações, para a autora,
como já apontado, exerciam um papel importante na literatura infantil, porque
contribuíam no incentivo à leitura do livro, no auxílio à compreensão do
texto escrito e no desenvolvimento da percepção da criança. Seria
interessante, também, observar o papel das ilustrações nos livros infantis.
Para os pequeninos leitores, a boa lei parece ser a de grandes
ilustrações e pequenos textos. Grandes e boas ilustrações, , pois à criança
só se devia dar o ótimo.
Já noutras leitura, mais adiantadas, quando a
ilustração não exerça papel puramente decorativo, na ornamentação do texto,
talvez se devesse restringir às passagens mais expressivas ou mais difíceis
de entender sem o auxílio da imagem – como quando se trata de um país
estrangeiro, com flora e fauna desconhecida, costumes e tipos exóticos
(MEIRELES, 1979, p. 112).
Para Cecília Meireles, a literatura oral também era importante na
cultura dos povos e devia ser valorizada. Ela havia estado presente antes da
origem de todos os livros, em momentos em que uma mãe cantava para o filho
dormir, nas estórias em que os avós contavam para os netos, nas estórias dos
“contadores de estórias”, entre outros.
A literatura escrita presente nos livros possibilitava um convívio
cultural entre os povos no mundo e um aproximamento de tempos históricos que
antes se davam, sobretudo, pela literatura oral. A leitura da literatura
oral, no caso o conto, é, na perspectiva de Cecília Meireles, também uma
leitura importante para aprendizagem de conhecimentos e culturas, devia ser
realizada com mais freqüências pelas crianças. O gosto de contar é idêntico
ao de escrever – e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de
todos os escritores. O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, a
biblioteca, antes de serem estas infinitas estantes, com as vozes presas
dentro dos livros, forma viva e humana, rumorosa, com gestos, canções, danças
entremeadas às narrativas. (MEIRELES, 1979, p. 42) [...] é a Literatura
Tradicional (literatura oral) a primeira a instalar-se na memória da criança.
Ela representa o seu primeiro livro, antes mesmo da alfabetização, e o único,
nos grupos sociais carecidos de letras. Por esse caminho, recebe a infância a
visão do mundo sentido, antes de explicado; do mundo ainda em estágio mágico.
Ainda mal acordada para a realidade da vida, é por essa ponte de sonho que a
criança caminha tonta do nascimento, na paisagem do seu próprio mistério.
Essa pedagogia secular explica-lhe, em forma poética, fluida, com as
incertezas tão sugestivas do empirismo, o ambiente que a rodeia, seus
habitantes, seu comportamento, sua auréola.
Vagarosamente elaborada, pela contribuição de todos, essa literatura
possui todas as qualidades necessárias à formação humana. Por isso, não
admira que tenham tentado fixá-la por escrito, e que, sem narradores que a
apliquem no momento oportuno, para maior proveito do exemplo, a criança se
incline com ávida curiosidade para o livro, onde esses ensinamentos perduram
(MEIRELES, 1979, p. 66).
Segundo a autora, o livro de literatura só passou a ter importância e
reconhecimento graças aos contribuintes da história oral, que haviam existido
no decorrer da história, e que, em maior quantidade, encontravam-se presentes
nas cidades afastadas dos centros urbanos. O relato oral, visto como literatura
tradicional, havia contribuído e exercido uma significativa influência na
cultura literária escrita (MEIRELES, 1979).
Cecília Meireles destacou que, na época, existiam livros infantis que
não estavam atingindo o fim desejado que fosse o de “servir” à criança. Havia
livros e traduções de clássicos de pouca qualidade, em sua perspectiva,
escrever para crianças não era uma tarefa fácil, como muitos pensavam. O fato
era que diversos escritores seguiam dois extremos ao escrever livros infantis,
uns escreviam narrativas “fantásticas”, rebuscadas, e outros escreviam
narrativas muito simples, enxergando as crianças como um público pouco
exigente. Havia aqueles que escreviam qualquer assunto e não honravam o
compromisso de escrever para as crianças, respeitando seus níveis de
entendimento em relação ao conteúdo. Imensa quantidade de livros, na verdade,
era produzida com fins econômicos. Escrever para crianças estava se tornando
uma indústria. Na concepção da autora, os escritores deviam produzir obras
com linguagem acessível ao público infantil, respeitando as possíveis
dificuldades de sua compreensão aos vocabulários difíceis. Era preciso
elaborar livros fundamentados em conteúdos de qualidade e estruturalmente
compatíveis com a realidade da criança (MEIRELES, 2001). Pode-se fazer um
livro extremamente simples porque há que atender aos recursos limitados de
vocabulário, de primeira idade, mas repleto, ao mesmo tempo, desse aroma de
poesia que devia ser alimento contínuo da infância. E também se pode fazer um
livro maravilhoso, mas sem monstruosidade, condições que muita gente supõe
afins (MEIRELES, 2001a, p. 119).
Cecília Meireles entendia que escrever para crianças era ao mesmo
tempo um exercício de “ciência” e “arte”. Eram necessário que o escritor
conhecesse as íntimas condições das crianças, como as características e as
possibilidades de compreensão para escolher e organizar tecnicamente o
assunto em um belo livro, e ter o dom de fazer um pequeno e delicado escrito
transformar-se em uma completa obra de arte, para tanto, exigia-se técnica.
Somente unindo o conhecimento acerca do público infantil, o compromisso em
produzir uma boa obra literária e o fazer artístico em si, é que o escritor,
verdadeiramente, produziria o livro adequado ao leitor infantil (MEIRELES,
2001b). Mais uma vez se recorda aqui a secura dos livros feitos com o simples
intuito de venda fácil: livros que não provêm de nenhuma vocação, que não
representam um sonho de comunicabilidade entre os seus autores e os leitores
a que se destinam; que se resumem num certo número de páginas impressas,
lançadas à sorte, sem uma intenção mais alta, pairando sobre a sua aventura.
(MEIRELES, 2001c, p. 137).
A autora considerava que o escritor de livros infantis devia se
preocupar com a formação da criança na infância. Escrever era um exercício de
poesia, de expor uma beleza interior, inquieta no coração do escritor, bem
como passar a fantasia de maneira real, contando estórias idealizadas como se
fossem verdades na valorização do lúdico, para o desenvolvimento da
sensibilidade emocional da criança.
As origens da literatura infantil brasileira se remetem a obras de
literatura didática/escolar desenvolvidas, sobretudo no final do século XIX e
início do XX, por educadores do país com o intuito de ensinar as crianças, de
forma agradável, valores morais, sociais, regras de conduta, entre outros,
concebidos, pelo modelo republicano, como necessários na formação da
população nacional (MORTATTI, 2000). Diversos assuntos foram relacionados à
cultura escolar urbana, dentre os temas importantes o cultivo da moral era
urgente, conectada a essa necessidade, Cecília Meireles escrevia para as
crianças.
Em 1924, publicou o livro didático Criança meu Amor (MEIRELES,
1977) pelo Anuário do Brasil. Uma obra adotada pela Diretoria Geral de
Instrução Pública do Distrito Federal, e aprovada pelo Conselho Superior de
Ensino dos Estados de Minas Gerais e Pernambuco (LÔBO, 2002). Destaca-se um
trecho desta obra, em que Cecília Meireles, em uma escrita poética e
agradável, num tempo de valorização da cultura moral e cívica, apresenta à
criança o dever para com a escola. Atribuindo a ele a posição de primeiro dos
“mandamentos”:
Devo Amar a Escola, como se fosse o meu Lar
Entrei na escola, pequenino e ignorante: mas hei de estudar com amor,
para vir a ser um homem instruído e um homem de bem.
A escola abrigou-me tão cuidadosamente como se fosse a casa de meus
pais.
A escola deu-me horas de alegria, sempre que me esforcei trabalhando.
A escola conhece o meu coração, conhece os meus sonhos, conhece os
meus desejos.
E só quero ter desejos e sonhos bons, nesta casa que respeito como um
lugar sagrado, em que a gente fica em meditação, para se tornar melhor.
(MEIRELES, 1977, p. 19).
Buscavam-se criar novos hábitos, Cecília Meireles e o médico Josué de
Castro lançaram, em 1937, o livro didático A Festa das Letras (MEIRELES;
CASTRO, 1996), o primeiro volume da série “Alimentação” organizado pela Livraria
Globo antigo
Globo de Porto Alegre em colaboração para uma
campanha nacional da época (LÔBO, 2002). A alimentação vista como resultante
de hábitos que geralmente eram formados na infância, foi o assunto
apresentado pelos autores no livro, empregava uma linguagem acessível e
instigante. Tinham por objetivo formar e cultivar os bons hábitos alimentares
na criança em suas diferentes idades e desenvolvimento, estimulando sua
simpatia por alimentos que continham substâncias imprescindíveis a uma alimentação
completa e saudável, com os quais a criança ainda não estivesse
familiarizada, ou, por questão de hábitos e cultura, não desejasse os
alimentos. Buscava-se ofertar à criança os primeiros preceitos de higiene
alimentar indispensáveis para a sua vida (MEIRELES; CASTRO, 1996).
Didaticamente, utilizavam as letras do alfabeto para apresentar os alimentos
às crianças.
Cecília Meireles, em 1939, publicou, pela Globo de Porto Alegre, o
livro Rute e Alberto resolveram ser turistas, adotado pelas escolas
públicas no ensino de Ciências Sociais. A obra foi adaptada para o
ensino da Língua Portuguesa em 1945 em Boston (LÔBO, 2002). Destaca-se
também a obra Olhinhos de Gato (MEIRELES, 1983), publicada em
capítulos entre 1939 e 1940 na revista Ocidente, de Lisboa, e
integralmente em 1980. Consiste em memórias de sua infância, uma narrativa
poética autobiográfica (GOLDSTEIN; BARBOSA, 1982). As personagens principais
são pessoas que conviveram com a autora, “olhinhos de gato” é a própria
autora. Preocupada com a educação, Cecília Meireles discutiu sobre o ambiente
escolar.
Destacou que o local onde ocorre a educação
é extremamente importante na formação da personalidade do indivíduo. Um
ambiente de educação agradável deveria ser sugestivo, rico de inspirações
para a infância. A escola precisava ser bonita, limpa e decorada, visto que
um ambiente físico limpo, bonito e dinâmico influenciava na formação da
criança e contribuía no trabalho do professor, que, muitas vezes, ia para
escola sem inspiração, sob o peso da obrigação do dever (MEIRELES, 2001 d).
Segundo Meireles (2001e, p. 111): “A
escola é que sempre nos dirá o que somos e o que seremos. Ela é o índice das
formações dos povos; por ela se tem a medida das suas inquietudes, dos seus
projetos, das suas conquistas e dos seus ideais”.
A escola, para ela, era o local onde a criança entrava em contato com
aprendizagens que serviriam para a vida. O professor influenciava na formação
do indivíduo, possuía o dever de transmitir não apenas o conteúdo, mas o
caráter e a moral, sobretudo por meio de exemplos. Era necessário que o
professor fosse um indivíduo verdadeiro, sincero e puro, que pensasse, agisse
e sentisse corretamente, sendo uma pessoa íntegra para ensinar os caminhos
retos às crianças, caso contrário, o professor deformaria a inocência do
mundo infantil (MEIRELES, 2001).
A maior parte das coisas não se ensina com palavras, mas com exemplos.
E estas, de relevo moral, que não se podem explicar sem que se lhes tire algo
da recatada delicadeza que é seu apanágio, devem ir brotando de uma fonte
silenciosa, inundando pouco a pouco a sensibilidade infantil, impregnando-a
de persuasões espontâneas, que serão o apoio definitivo para a sua consistência
e a sua solidez. (MEIRELES, 2001f, p. 150).
Cecília Meireles foi poeta e educadora, preocupou-se com a
aprendizagem e a sensibilidade infantil. Procurou expor em seus poemas sonhos
e fantasias do mundo das crianças. Seus poemas direcionados à infância são
repletos de rimas e musicalidade, como, por exemplo, o poema A Bailarina (MEIRELES,
1990). É importante ressaltar que essas características se mantêm até o
presente momento, visto que esses textos, quando colocados ao alcance das
crianças, provocam uma reação positiva. É possível visualizar-se certo
encantamento de sua parte, mesmo que hoje haja uma grande procurapela
televisão, dada a facilidade de entretenimento que ela oferece. A leitura e a
imaginação não perderam, ainda, seu caráter educativo e devem, por isso,
estar presentes no trabalho de educação infantil na contemporaneidade.
É vasta a produção literária de Cecília Meireles direcionada às
crianças. A literatura infantil sempre exerceu fascínio sobre ela,
constituindo-se uma de suas grandes preocupações. Ela fez diversas
conferências sobre os Problemas da Literatura Infantil, discutiu este tema em
artigos jornalísticos publicados no jornal Diário de Notícias do
Rio de Janeiro, no qual manteve, ao longo de três anos, diariamente, de julho
de 1930 a janeiro de 1933, uma coluna, “Página de Educação”, debatendo a
educação, a política e diversos outros assuntos.
Cecília Meireles em diversos artigos defendeu o papel educativo da
imprensa, destacando a importância deste veículo na formação do povo.
Utilizou o jornal como um elemento educativo em articulação com o próprio
sistema escolar. Por meio do jornal, dialogava com os leitores familiarizados
com as questões educacionais e buscava novos adeptos à causa da modernização
educacional (MAGALDI, 2003).
Cecília Meireles foi defensora dos ideais da Escola Nova. Em 1932, foi
uma das intelectuais que assinou o Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova. Documento lançado ao povo e ao governo, no Brasil, com 26
assinaturas de educadores, em defesa da escola pública, gratuita e leiga e de
métodos pedagógicos de bases científicas e centrados no aluno. A proposta do
Manifesto era a de “reconstrução educacional” no Brasil, com a idéia de
educação integral, de co-educação dos sexos e de organização de um sistema
nacional de ensino. Previa a criação de creches e jardins de infância para
assistência dos alunos na fase pré-escolar. Pregava-se a necessidade de
efetivas intervenções do Estado na oferta de uma educação de qualidade à
população nacional (MANIFESTO 1932).
Em 1930, a autora concorreu à vaga para a Cátedra de Literatura
Vernácula da Escola Normal do Distrito Federal. Numa primeira etapa do
concurso, defendeu a tese
O Espírito Vitorioso, cujo preâmbulo, “A
Escola Moderna”, consiste em espécie de elogio à nova educação que se tornava
cada vez mais conhecida no meio educacional naquele momento, seguindo-se
reflexões sobre a formação do professor (LÔBO, 1996, p. 531). Sua luta se
constituiu, sobretudo, na produção e divulgação da literatura infantil.
A leitura e a literatura infantil foram temas debatidos por Cecília
Meireles como elementos indispensáveis à formação da criança. A autora
destacou a necessidade de uma literatura própria, com determinadas feições,
voltada ao público infantil, considerando ser preciso escrever
especificamente para a criança, com vistas ao seu pleno desenvolvimento,
respeitando, sobretudo, a sua idade, sua fase de desenvolvimento da linguagem
e sua habilidade de interpretação e capacidade assimilatória de aprendizagem.
Suas idéias vieram ao encontro do ideário de respeito ao desenvolvimento das
aptidões naturais dos indivíduos, defendido pelo movimento da Escola Nova no
início do século XX.
A autora, contudo, pregava a necessidade de uma qualitativa
apresentação do material literário para as crianças para incentivar e
impulsionar seu desenvolvimento enquanto um bom leitor interpretativo do
mundo no qual faz parte. Ao adulto, em especial aos escritores de livros
infantis e aos profissionais da educação, cabia a organização de suas
atividades de modo a promover o interesse e a curiosidade da criança pela
leitura de histórias. Tal atitude era fundamental no desenvolvimento do
hábito e gosto de ler, bem como da compreensão e vivência dos benefícios que
uma leitura prazerosa e eficaz, no caso, quando bem “aproveitada”, pudesse
proporcionar.
Cecília Meireles enfatizou e propagou a idéia da necessidade da oferta
de livros de qualidade aos leitores na infância. Concebia a literatura como
importante ferramenta no desenvolvimento da habilidade de ler, como uma forte
contribuinte na formação cognitiva, intelectual, moral e de senso de
sensibilidade emocional nas crianças.
Oportunizar
o acesso à leitura: construindo leitores reflexivos
Muitos
alunos não lêem por falta de material de leitura em casa. Com um projeto de
leitura bem elaborado contendo atividades envolventes e interessantes,
aplicado de forma comprometida que envolve os alunos, os educadores, as
famílias e a comunidade, oportunizaremos o acesso à leitura promovendo a
construção de leitores reflexivos. Segundo PAULUS (2002, p. 21) “ler
sempre é muito saudável, alimenta o nosso espírito. São os livros que nos
proporcionam os conhecimentos mais ricos”.
Utopicamente falamos que “tem gente que nasce
gostando de ler”. Será que gostar de ler é uma vocação? Ou o gosto pela
leitura é adquirido com o tempo e a partir de oportunidades?
Acreditamos
que todos podem vir a gostar de ler, desde que tenham oportunidade para
adquirir este gosto e razões para fazê-lo. Qualquer ser humano adquire gosto
por aquilo que realmente interessa que desperte curiosidade, que lhe seja
útil. Sendo assim, para que a criança goste de ler e faça da leitura sua
aliada no conhecimento e interação com o mundo, faz-se necessário
apresentar-lhe razões para desenvolver este gosto.
O gosto pela leitura começa a ser
despertado desde cedo, em casa, quando os pais se dispõem a contar e ler
histórias para seus filhos, em qualquer horário. Para CARVALHO (2000, p. 11)
“o bom leitor não se faz por acaso. Quase sempre é formado na infância, antes
mesmo de aprender a ler, através do contato com a literatura infantil e de
experiências positivas no início da alfabetização”.
Na escola os professores precisam ser criativos, desenvolverem em seus
alunos o hábito de ler pelo menos uma história por dia, já que a maioria
deles se espelha no professor. O professor, então, tem a tarefa de plantar a
semente sem preocupar-se com a colheita; pode até demorar, mas os resultados
aparecerão, basta persistir. De acordo com SILVA (2000, p. 7), “o leitor
maduro tece a sua leitura devagar, fio a fio, artesanalmente e inteiramente,
misturando texto e vida, na solidão e na solidariedade, com prazer e com
vontade”.
Propostas de leituras que dão certo e levam o aluno a pensar e buscar
o saber, cada vez mais, é aquelas em que realmente acreditamos. Em nossa
profissão de educadoras na Escola Municipal Henrique Guellere, adotamos,
junto à escola, projetos de leitura que surtem efeitos como, por exemplo, o
tempo de leitura diária em sala, ler por fruição. Todos os dias as
professoras proporcionam vinte minutos de leitura aos seus alunos, diversificando
os materiais (gibis, literatura infantil, revistas, poesias, jornais,
fabulas...) conforme o interesse das crianças. Segundo KLEIN (2000, p. 52) “a
leitura deverá completar uma tipologia variada: textos informativos,
narrativos, narrativo-descritivo, normativos, dissertativos, de
correspondência, textos argumentativos, textos literários, em prosa e em
verso, textos lúdicos, textos didáticos”.
O
silêncio é essencial enquanto todos fazem sua leitura individual. Algumas
vezes a professora pede se alguém quer contar aos colegas o livro ou a
história que leu. Então, a criança lê e todos ouvem atentamente. Outras vezes
a professora propõem aos alunos que se dirijam até a frente dos colegas e
faça, oralmente, a propaganda de seu livro, instigando nos colegas o desejo
de lê-lo. Este material de leitura fica na sala até o final da aula, para que
os alunos, ao terminar suas tarefas, possam ler. CAVALCANTI (2002, p.17)
coloca que:
A literatura é o principio mágico e inaugural que se revela em cada
personagem, cada palavra e cada sentir. Mundo em desdobramento do eu para o
outro, espaço clandestino que faz parte da transgressão que salva porque
propõem caminhos para a ampliação de uma visão de
mundo, por conseguinte itinerários do sonho, da luta, da fé, da “dor-amor”,
enfim da vida e da alma.
Outro
projeto que apresenta grandes resultados é o da “Feirinha do Livro Infantil”.
Nesta, a diretora e a supervisora da escola organizam um determinado espaço
que seja atraente e expõem os livros para venda.
Os
livros em exposição são adquiridos através de representantes de vendas que
apresentam diversidade significante ao público escolar, com preço acessível
como, por exemplo, livros a partir de cinqüenta centavos cada, de forma que
todos possam adquirir pelo menos um livrinho.
Para
visitar a Feirinha, são organizados horários para que cada turma, com sua
professora façam suas escolhas e comprem o livro de seu gosto. São dois dias
de exposição cronometrada, e mais dez dias para que os alunos, pais e
comunidade em geral venham conhecer, analisar, ler e quem sabe até comprar os
materiais expostos. Os livros adquiridos na feira proporcionam roda de
leitura entre os alunos, ou seja, eles trocam os livrinhos entre si para que
consigam ler mais de um livro.
Acreditamos
que estes projetos citados estão despertando o gosto pela leitura em nossos
alunos. Outras dinâmicas de leituras estão sendo desenvolvidas na sala de
aula, já que as professoras preocupam-se em fazer atividades de forma que
todos os alunos possam ler e demonstrar sua leitura, seus conhecimentos e
habilidades desenvolvidas com ela sejam em apresentações teatrais, declamação
de poesia, escrita de letras de músicas, produções textuais, cartas, leitura
em voz alta para os colegas, entre outras.
No
Brasil vêm sendo feitas inúmeras campanhas para promover a leitura, tanto por
parte do governo, quanto da sociedade em geral: mídia, escolas, etc. Isto é
muito importante, pois a leitura não é utilizada apenas na escola, é um
vínculo que o leitor estabelece com o desenvolvimento global do ser como
cidadão, podendo fazer uma leitura crítica do mundo. Somos aquilo que lemos,
criamos uma nova identidade a partir da leitura; novas maneiras de pensar e
agir. Segundo KLEIMAN (1993, p. 10), citada por BOZZA (2005, p. 249) “ao
lermos um texto, qualquer texto, colocamos em ação todo nosso sistema de
valores, crenças e atitudes que refletem o grupo social em que se deu nossa
sociabilização primária, isto é, grupo social em que fomos criados”.
O
ideal seria a criação de bibliotecas em todas as escolas, com acervo de
qualidade, acesso a livrarias, em que os livros disponíveis fossem de boa
qualidade literária e de preço acessível a todo público, porque muitas vezes
nosso aluno não lê porque não tem o que ler.
A Importância Da Leitura Nas Séries Iniciais
No momento atual, a tônica no
ensino de língua está no texto. Mas muitas pessoas ainda desconhecem os
estudos que têm sido feitos nas áreas da psicolingüística e da lingüística
textual ou conhecem, porém não tem ainda muito claro como colocá-los em
prática em sala de aula.
Mediante a isso, procura-se neste
estudo reunir, na sua fundamentação, questões teóricas de diversas fontes
sobre leitura e escritura de textos, bem como sobre outras questões relativas
à textualidade, gêneros textuais, motivação e letramento que julgo serem
necessárias para poder dá consistência a essa reflexão pedagógica.
Ressalta-se, porém, que este
trabalho só traz idéias básicas, não eximindo a leitura das obras originais
consultadas. Pelo contrário, espera-se que essas idéias trazidas sirvam de
estímulo para a busca às fontes. De modo algum estou querendo passar receitas
prontas, mas tentando servir como uma espécie de "pontapé inicial"
para trabalhos com leitura diversos gêneros textuais em sala de aula.
A leitura, as práticas e as
competências leitoras têm ocupado espaço considerável na educação e na mídia
brasileira. Em 2003, o Brasil obteve desempenho insatisfatório em duas
grandes pesquisas: uma de âmbito nacional - Instituto Paulo Montenegro -
divulgou que 72% de jovens são alfabetos funcionais, ou seja, não sabem ler e
escrever. Em outra internacional, o PISA - Programa Internacional para
Avaliação de Estudantes, o país ocupou o 37o. lugar em letramento de leitura.
Algumas ações têm tentado mobilizar escolas, professores, diretores e
sociedade para mudar este quadro: PNLD - Programa Nacional do Trabalho
Didático através dos módulos literários, o PNBE - Programa Nacional
Biblioteca na Escola, campanhas como "Tempo de Leitura" e
"Literatura em Minha Casa", entre outras. Estas iniciativas mostram
algo em comum: a utilização de textos literários e a proposta para o uso de
diversos tipos de textos nas ações voltadas para leitura. No entanto, nota-se
que as instituições de ensino encontram dificuldades em fazer uso da
literatura como objeto de leitura.
Entre vários problemas
estruturais já tão denunciados pelas pesquisas e estudos realizados,
ressalta-se aqui a questão da formação docente como um dos principais
entraves a uma prática educativa de qualidade, especialmente no que se refere
ao ensino da leitura. Entende se que, ainda que todos os quesitos ideais
necessários a uma prática de ensino da leitura fossem efetivados na escola,
indispensável seria a presença de professores leitores, que sentissem prazer
na leitura, que fossem bem informados e instrumentalizados para tal prática.
O ensino da leitura e, particularmente,
a importância da literatura na formação pessoal e intelectual do ser humano
ainda nas séries iniciais, encontram pouco espaço nos programas de formação
inicial e continuada das escolas brasileiras. Este estudo pretende
desenvolver atividades que convergem para ações voltadas diretamente para
alunos e professores das séries iniciais do ensino fundamental.
Os objetivos gerais do estudo
consistiu em formar o leitor autônomo (alunos e professores das séries
iniciais), através do estímulo à sensibilidade, criatividade e criticidade e
da formação do gosto pela leitura, contribuindo para a construção de uma
cidadania plena. Prevê na motivação da leitura nas séries iniciais para a
formação de leitores efetivamente comprometidos com a prática social. Tais
objetivos podem ser traduzidos nas seguintes ações que vem sendo
implementadas paulatinamente.
Assim este estudo definiu como
importante o cultivo do espaço da biblioteca, através do Laboratório de
Leitura, Literatura e Educação, como lugar onde a prática de leitura não
esteja restrita à pesquisa e consulta, mas voltada para a satisfação de
necessidades mais amplas do ser humano (culturais, afetivas, estéticas,
etc.); Estimular o uso da literatura infantil como elemento essencial para a
formação do leitor nas séries iniciais; Estimular o trabalho com a oralidade
no texto literário, aproveitando o universo infantil para as várias
possibilidades de leitura; Formar o professor das séries iniciais como
contador de histórias e criar conjuntamente metodologias que proporcionem a
formação do gosto; Acompanhar e orientar o trabalho desenvolvido por
professores em sala de aula; Disseminar e multiplicar as metodologias para
formação do leitor; Habilitar o aluno para consulta em bibliotecas (conhecimento
de regras de funcionamento, cuidados com acervo, procedimentos para
inscrição, consulta e/ou retirada de trabalhos, etc.);
Constituir acervo diversificado
de literatura infantil e de material didático-pedagógico para alunos e professores,
bem como produzir guias de leitura que auxiliem na seleção de obras
literárias adequadas para o trabalho nas séries iniciais; expandir as formas
de interpretação de textos escritos para diferentes campos de linguagem
(teatro, artes plásticas, música, cinema, etc.). Proporcionar acesso de
alunos das séries iniciais a novas tecnologias, como o computador, por
exemplo, desmistificando seu uso e viabilizando-o como nova possibilidade de
linguagem.
A LEITURA COMO PROCESSO COMPLEXO
O ato de ler é um processo
abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de entender o mundo a
partir de uma característica particular ao homem: sua capacidade de interação
com o outro através das palavras, que por sua vez estão sempre submetidas a
um contexto. Desta forma as autoras afirmam que a recepção de um texto nunca
poderá ser entendida como um ato passivo, pois quem escreve o faz pressupondo
o outro. Desta forma, a interação leitor-texto se faz presente desde o início
de sua construção.
Nas trilhas do mesmo entendimento, Souza
(1992) afirma:
"Leitura é, basicamente, o
ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores
pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar
uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo
leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade"(p. 22).
Vislumbramos em Freire (1989)
este olhar sobre leitura quando nos diz que a "leitura do mundo"
precede a leitura da palavra, ou seja, a compreensão do texto se dá a partir
de uma leitura crítica, percebendo a relação entre o texto e o contexto.
Dessa forma, um leitor crítico não
é apenas um decifrador de sinais, mas sim aquele que se coloca como
co-enunciador, travando um diálogo com o escritor, sendo capaz de construir o
universo textual e produtivo na medida em que refaz o percurso do autor,
instituindo-se como sujeito do processo de ler.
Nesta concepção de leitura onde
o leitor dialoga com o autor, a leitura torna-se uma atividade social de
alcance político. Ao permitir a interação entre os indivíduos, a leitura não
pode ser compreendida apenas como a decodificação de símbolos gráficos, mas
sim como a leitura do mundo, que deve ser constituída de sujeitos capazes de
compreender o mundo e nele atuar como cidadãos.
A leitura crítica sempre leva a
produção ou construção de um outro texto: o texto do próprio leitor. Em
outras palavras, a leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do SER
leitor. Assim, este tipo de leitura é muito mais do que um simples processo
de apropriação de significado; a leitura crítica deve ser caracterizada como
um estudo, pois se concretiza numa proposta pensada pelo ser-no-mundo,
dirigido ao outro. (SILVA, 1985). Brandão (1997) nos afirmam que o leitor se
institui no texto em duas instâncias:
“No nível pragmático, o texto
enquanto objeto veiculador de uma mensagem está atento em relação ao seu
destinatário, mobilizando estratégias que tornem possíveis e facilitem a
comunicação". No nível lingüístico-semântico, o texto é uma
potencialidade significativa que se atualiza no ato da leitura, levado a
efeito por um leitor instituído no próprio texto, capaz de reconstruir o
universo representado a partir das indicações, pistas gramaticais, que lhe
são fornecidas." (p. 77).
Essa é uma perspectiva que
concebe a leitura como um processo de compreensão amplo, envolvendo aspectos
sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como
culturais, econômicos e políticos. Segundo Martins (1989), o ato de ler é
considerado ''um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas,
por meio de qualquer linguagem''.
Há que se encarar o leitor como
atribuidor de significados e, nessa atribuição, levar-se em conta a
interferência da bagagem cultural do receptor sobre o processo de
decodificação e interpretação da mensagem. Assim, no momento da leitura, o
leitor interpreta o signo sob a influência de todas as suas experiências com
o mundo, ou seja, sua memória cultural é que direcionará as decodificações
futuras. Todavia, para a formação deste leitor que consegue por em prática
sua criticidade, é necessário que haja um estímulo contínuo para o contato
entre o indivíduo e o trabalho.
O jovem e a criança precisam ser
seduzidos para a leitura, desconsiderando neste processo qualquer artifício
que possa tornar a leitura uma obrigação. Martins (1989) chama a atenção para
o contato sensorial com o trabalho, pois antes de ser um texto escrito, um
trabalho é um objeto; tem forma, cor, textura. Na criança esta leitura
através dos sentidos revela um prazer singular; esses primeiros contatos
propiciam à criança a descoberta do trabalho, motivam-na para a concretização
do ato de ler o texto escrito. A escola torna-se fator fundamental na
aquisição do hábito da leitura e formação do leitor, pois mesmo com suas
limitações, ela é o espaço destinado ao aprendizado da leitura.
Tradicionalmente, na instituição
escolar, lê-se para aprender a ler, enquanto que no cotidiano a leitura é
regida por outros objetivos, que conformam o comportamento do leitor e sua
atitude frente ao texto. No dia-a-dia, uma pessoa pode ler para agir – ao ler
uma placa, ou para sentir prazer – ao ler um gibi ou um romance, ou para
informar-se – ao ler uma notícia de jornal. Essas leituras, guiadas por
diferentes objetivos, produzem efeitos diferentes, que modificam a ação do
leitor diante do texto. São essas práticas sociais que precisam ser vividas
em nossas salas de aula.
Apesar de todos os problemas
funcionais e estruturais, é na escola que as crianças aprendem a ler. Muitas
têm no ambiente escolar, o primeiro (e, às vezes, o único) contato com a
literatura. Assim fica claro que a escola, por ser estruturada com vistas à
alfabetização e tendo um caráter formativo, constitui-se num ambiente
privilegiado para a formação do leitor.
A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO
A literatura infantil é como
uma manifestação de sentimentos e palavras, que conduz a criança ao
desenvolvimento do seu intelecto, da personalidade, satisfazendo suas
necessidades e aumentando sua capacidade crítica. Esta literatura, como já
foi expressa, tem o poder de estimular e/ou suscitar o imaginário, de responder
as dúvidas do indivíduo em relação a tantas perguntas, de encontrar novas
idéias para solucionar questões e instigar a curiosidade do leitor. Nesse
processo, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer. É
através de um conto e/ou de uma história, que a criança pode conhecer coisas
novas, para que efetivamente sejam iniciados a construção da linguagem, da
oralidade, idéias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação
pessoal.
Considera-se que o gosto pela
leitura se constrói através de um longo processo e que é fundamental para o
desenvolvimento de potencialidades, há a necessidade de se propor atividades
diversas e diferenciadas para a formação do leitor crítico.
De acordo com Zilberman (2003, p.30):"... o uso do trabalho na
escola nasce, pois, de um lado, da relação que se estabelece com seu leitor,
convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância..."
Muitos estudos e pesquisas têm
evidenciado a importância das atividades literárias diferenciadas no contexto
educacional para o bom desempenho da criança. A utilização da literatura como
recurso pedagógico pode ser enriquecida e potencializada pela qualidade das
intervenções do educador.
Assim, o educador preocupado com a
formação do gosto pela leitura deve reservar espaços em que proponha
atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o educando.
Trata-se de operacionalizar espaços na escola e na sala de aula onde a
leitura por fruição-prazer possa ser vivenciada pelas crianças e jovens.
As várias atividades propostas
podem ajudar no contexto educacional, se bem utilizadas a partir de um conto:
o pintar; o desenhar no contexto da história; discutir sobre as partes da
história que as crianças mais gostaram; trocar experiências a partir da
história contada; adivinhar o que vai acontecer e/ou imaginar finais e
situações diferentes; colar; usar massa de modelar; usar bexiga; barbante;
construir objetos com sucata; elaborar textos; encenar uma peça teatral; utilizar
papéis diversos; confeccionar novos materiais; trabalhar em grupo etc, podem
contribuir para a formação de um ser criativo, crítico, imaginativo,
companheiro e provavelmente leitor.
Nesse contexto, o professor deve
proporcionar várias atividades inovadoras, procurando conhecer os gostos de
seus alunos e a partir daí escolher um trabalho ou uma história que vá ao
encontro das necessidades da criança, adaptando o seu vocabulário,
despertando esse educando para o gosto, deixando-o se expressar. Acredita-se
assim que a proposta de atividades variadas é de grande valor para o processo
de construção da autonomia e desenvolvimento da criança em formação.
.
O
LUGAR DA LITERATURA NA ESCOLA
"É na escola que
identificamos e formamos leitores..." Bamberger (1988). Quando se fala
em criança, pode-se perceber que a literatura é indispensável na escola como
meio necessário para que a mesma compreenda o que acontece ao seu redor e
para que seja capaz de interpretar diversas situações e escolher os caminhos
com os quais se identifica.
Entende-se que a leitura é um dos
caminhos de inserção no mundo e da satisfação de necessidades do ser humano.
No entanto, muitos professores desconhecem a importância da leitura e da
literatura mais especificamente por ignorar seu valor e/ou por falta de
informação. A prática educativa com a literatura nas séries iniciais do
ensino fundamental quase sempre se resume em textos repetitivos, seguidos por
cópias e exercícios dirigidos e mecânicos, onde o espaço para reflexão e
compreensão sobre si e sobre o mundo raramente encontra lugar.
Não podemos nos referir à leitura
como um ato mecânico sem a preocupação de buscar significados. Desse modo, é
necessário que dentro do ambiente escolar o professor faça a mediação entre o
trabalho e o aluno, para que assim sejam criadas situações onde o aluno seja
capaz de realizar sua própria leitura, concordando ou discordando e ainda
fazendo uma leitura crítica do que lhe foi apresentado.
Daí a importância em se propiciar
a leitura e a literatura de modo a permitir ao aluno criar e recriar o
universo de possibilidades que o texto literário oferece. Pode-se dizer que a
escola tem a oportunidade de estimular o gosto pela leitura se consegue
promover de maneira lúdica o encontro da criança com o trabalho.
A esse respeito Zilberman (2003, p. 16)
descreve que:
"... a sala de aula é um espaço privilegiado para o
desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um campo importante para o
intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos
desmentida sua utilidade. Por isso, o educador deve adotar uma postura
criativa que estimule o desenvolvimento integral da criança."
A literatura tem sua importância
no âmbito escolar devido ao fornecimento de condições que propicia à criança
em formação. Essa literatura é um fenômeno de criatividade, aprendizagem e
prazer, que representa o mundo e a vida através das palavras.
Sabe-se que a literatura é um
processo de continuo prazer, que ajuda na formação de um ser pensante,
autônomo, sensível e crítico que, ao entrar nesse processo prazeroso, se
delicia com historias e textos diversos, contribuindo assim para a construção
do conhecimento e suscitando o imaginário.
Hoje se percebe também que quando bem utilizado no ambiente escolar, o
trabalho de literatura pode contribuir ainda para o desenvolvimento pessoal,
intelectual, conduzindo a criança ao mundo da escrita. Dessa forma, a
literatura infantil tem sua importância na escola e torna-se indispensável
por conter todos os aspectos aqui levantados, sendo de grande valor por
proporcionar o desenvolvimento e a aprendizagem da criança em sua amplitude.
. A LEITURA EXTRACLASSE: NECESSIDADE
E POSSIBILIDADES
Para tratarmos da leitura a ser feita fora da escola e fora da área
específica de língua portuguesa e literatura brasileira, é interessante
partirmos de uma caracterização da pedagogia tradicional da leitura. Nosso
propósito, com isso, é situar historicamente a tão discutida crise de
leitura. Em seguida, tentaremos mostrar por quais caminhos foi sendo ampliada
a concepção de leitura e, por extensão, a sua prática no âmbito da escola.
Finalmente, elencaremos alguns princípios norteadores do ensino-aprendizagem
da leitura, tal como ela se coloca contemporaneamente.
É possível afirmarmos que o ato de ler, no modelo tradicional de
escola, caracteriza-se, principalmente, pelo seu caráter reprodutor.
Considera-se bom leitor aquele aluno que consegue devolver ao professor a
palavra do trabalho didático. A avaliação da compreensão de leitura tem-se
limitado à capacidade de captar informações explícitas na superfície do
texto. Isso se deve, certamente, às concepções de língua, texto e leitura
subjacentes à prática pedagógica. Assim, concebe-se a língua como um código
transparente e exterior ao indivíduo, o texto como uma mera soma de palavras
e frases, e a leitura como a busca/confirmação de um sentido preestabelecido.
A leitura é sistematicamente, submetida às rotinas padronizadas dentro
da escola e termina por perder seu sentido mais profundo. Em última
instância, acaba sendo um fator decisivo e determinante do fracasso escolar.
Do ponto de vista dos objetos de leitura, essas rotinas descaracterizam o trabalho,
a revista e os demais materiais que circulam na vida social. Cortado,
adaptado, Mimeografado, o texto, enquanto objeto sociocultural se
transfigura, porque se "pedagogiza". Bordini e Aguiar (1993)
referem-se à escolarização do texto, mostrando que o ato de ler - individual
em sua essência - transforma-se numa comunicação interpessoal, condicionada
pela falta de trabalhos para todos e pela concentração de muitos sujeitos num
mesmo espaço físico. Com relação aos materiais, afirmam as autoras:
A destruição da leitura e do leitor já foi
objeto de uma importante investigação feita por Silva (1985). A autora mostra
o controle exercido pela escola sobre o que e como se deve ler. Além disso,
historicamente a leitura tem sido usada como pretexto para atividades
estritamente mecânicas. É o caso da uma prática ainda hoje bastante presente
na sala de aula: ler para imitar o autor.
O uso do texto como pretexto foi
discutido por Lajolo (1985). Nesse artigo, Lajolo enumerou uma série de
práticas pedagógicas em torno da leitura que foge ao seu sentido intrínseco:
ler para imitar recursos estilísticos, ler para fazer análise sintática, ler
para procurar palavras desconhecidas no dicionário, ler para aprender modelos
de conduta moral... Essa última, aliás, tem sido a marca da entrada da
literatura na escola, sobretudo a infantil - forjam-se textos para que as
crianças assimilem padrões de conduta adequada à ordem social vigente:
obediência, submissão, docilidade e outros. A raiz desse fenômeno, detectável
em cartilhas e trabalhos didáticos infantis, está na pedagogia jesuítica, em
que a leitura era utilizada com fins claramente evangelizadores.
Foi também Lajolo (1985) quem
afirmou ser a poesia "uma frágil vítima dos manuais escolares". A
autora encontrou, num trabalho didático, o poema O vestido de Laura, de
Cecília Meireles. Lamentavelmente, a exploração didática do poema se limitava
a questões exteriores ao texto enquanto proposição poética. Assim, havia
perguntas do tipo: Quantos babados tem o vestido de Laura?. Ou, ainda, certas
perguntas exigiam que o aluno completasse lacunas com palavras retiradas do
texto. Tais procedimentos anulavam - ou não deixavam ver - a reflexão
existencial subjacente ao poema, que, na verdade, tematiza a efemeridade da
vida.
Em termos do texto literário
propriamente dito, seu tratamento em nível de primeiro grau se reduz a
fragmentos de trabalhos, com os problemas já apontados anteriormente, ou aos
chamados paradidáticos, os quais constituem hoje um vigoroso mercado.
Editoras e editores definem muitos modos de operar e avaliar a leitura na
escola e fora dela. Roteiros e fichas, divulgados em catálogos atraentes,
encobrem as condições reais de trabalho e de leitura do professor. Ao nível
do segundo grau, a literatura é trabalhada, centralmente, através de
biografias de autores, estudo das escolas literárias e memorização de listas
de obras. Não se explora a especificidade do texto literário, nem se lê a
obra propriamente dita. A pressa do mundo industrializado e massificado, a
pressão do vestibular, o caráter indefinido do segundo grau enquanto
modalidade de ensino, tudo isso vai fazendo o aluno ler pedaços e resumos de
trabalhos, desvalorizarem a literatura e abandonar o trabalho (Lajolo, 1985).
Conclusão:
O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LEITURA
Salientemos, em primeiro lugar, que os fundamentos aqui expostos não
esgotam o tema da leitura e de seu ensino. Buscaremos, com o que segue
mostrar como diferentes correntes teóricas puderam informar certo modo de ver
a leitura, modo esse que está condicionado a recortes epistemológicos e que,
portanto, não resulta de uma aplicação direta de uma teoria particular a uma
situação de ensino particular. Talvez devamos falar em diretrizes que possam
orientar a didática da leitura, no sentido de superar os problemas e a
situação de crise configurada no começo de nossa exposição.
Outro aspecto a salientar é que, quando falamos em leitura extra
classe, não queremos estabelecer oposição com a leitura que se faz na escola
e na sala de aula. Ao contrário, nossa visão é processual, ou seja, lê-se na
escola, aprende-se a ler na escola para se ler fora dela, e continuamente;
lê-se na escola e aprende-se a ler na escola porque, efetivamente, lê-se fora
dela. Isso nos coloca, inicialmente, o desafio de fazer a leitura extrapolar
sua finalidade estritamente pedagógica. A escola é um espaço de leitura,
entre os muitos que há: a família, a igreja, o trabalho, o grupo de amigos, o
quarto de dormir etc.
Passemos agora aos fundamentos.
Consideremos a escola o lugar de se aprender a ler e a gostar de ler. Nesse
lugar, desempenha papel fundamental o professor. Ele, como "texto",
foi o parceiro, o mediador, o articulador de muitas e diferentes leituras, de
muitos e diferentes textos. É o que sugere Silva (1985). Depois de afirmar
que o professor é o melhor "trabalho" a ser lido pelos alunos, o
autor mostra que, agindo assim, o professor é o responsável pela
interdisciplinaridade, na medida em que faz incursões pelos diferentes campos
do conhecimento.
Para ler muito, ler tudo, alunos e professor devem dessacralizar o
trabalho e a biblioteca, que deixam de ser objeto de adoração e templo
sagrado, intocáveis. Ler tudo implica, inclusive, trazer para dentro da
escola os textos esquecidos, considerados "subliteratura": o gibi,
o catálogo telefônico, o best-seller, a propaganda, o panfleto que se
distribui na rua, a receita de culinária, ao lado dos clássicos, da
literatura informativa. Ler tudo implica desvendar, elucidar a retórica de
cada texto, a gramática subjacente a cada um. Desprovidos de preconceito,
livres das amarras das rotinas burocratizadas da escola, faremos da leitura
um ato criador / questionador.
É o que sugerem Bordini e Aguiar (1993). As autoras propõem uma
seqüência para a didática da leitura (e seqüência aqui não quer dizer
imobilidade), a qual pode ser bastante produtiva: diagnóstico de necessidades
e expectativas do aluno; atendimento das necessidades e expectativas; ruptura
e quebra das expectativas; questionamento; alargamento da vivência cultural e
da visão de mundo. Com base nessa seqüência, seria possível, por exemplo, ler
um texto-clichê, questioná-lo e confrontá-lo com o texto literário, singular
por definição. Teríamos aí o atendimento dos interesses e necessidades do
aluno, mas também, e, sobretudo, a possibilidade de criar novas necessidades
culturais e estéticas, aprendidas na escola.
Torna-se imprescindível, como se vê criar no ambiente pedagógico um
clima favorável à leitura, marcado por interações abertas e democráticas.
Interações que vão permitir muitas leituras de um mesmo texto, por sujeitos
que têm histórias, competências, interesses valores e crenças diferentes. Ao
professor cabe reconstruir com seus alunos a trajetória interpretativa de
cada um, buscando compreender a construção de cada sentido apontado.
A diversidade ainda deve ser o
eixo dos propósitos da leitura, determinando diferentes tipos de relação com
o texto. Bordini e Aguiar, citadas acima, apresentam, na mesma obra, vários
métodos para o encaminhamento pedagógico da leitura: o científico, o
criativo, o comunicacional, o semasiológico e o recepcional, que estariam
ligados, respectivamente, à busca de informação, à recriação do texto, à
identificação dos elementos do processo comunicativo, às diferentes
linguagens e sistemas semióticos e, finalmente, ao impacto da obra sobre o
leitor. Como deve ter ficado claro, são diversas as possibilidades de
exploração, encaminhamento e avaliação da leitura na sala de aula.
A proposta de Bordini e Aguiar
guarda certa semelhança com a tipologia de leitura sugerida por Geraldi
(1997). Esse autor diz que, conforme a relação que estabelecemos com o texto,
terá: leitura-busca-de-informações; leitura-atividade; leitura-fruição e
leitura-pretexto. Discutindo a leitura-pretexto, Geraldi (1997) afirma não
ver problema no fato de um texto ser utilizado como pretexto para certa
prática escolar. A questão estaria, segundo ele, em como a escola constitui a
nossa relação com os modelos: trata-se de optar entre uma relação de
submissão, para pura imitação, e uma relação crítica e criativa, para se
ampliar o sistema de referências culturais e simbólicas. Temos aqui delineada
a necessidade de atribuir sentido a toda e qualquer prática de leitura. Como
foi destacado por Kleiman (1997), as interações conferem sentido ao ato de
ler e toda atividade pedagógica relativa a ele deve ser exeqüível, relevante
e dotada de sentido, numa cadeia ininterrupta.
Com relação à aprendizagem do
sistema lingüístico, a leitura se constitui numa prática das mais valorosas.
Isso porque permite o acesso a formas caracteristicamente explícitas de
interação verbal, como salientado por Rego (s.d.), em estudo sobre aspectos
sócio-funcionais da escrita e da alfabetização. Desse modo, se as interações
cotidianas, em contextos privados e imediatos, ocorrem de forma relativamente
bem-sucedida, o mesmo não se pode dizer do trato com a língua formal em
contextos mais abstratos de interação a distância. A leitura é, portanto,
caminho e oportunidade de lidar com a escrita e seu alto grau de abstração e
autonomia contextual.
Em se tratando de recursos
expressivos, a inserção no mundo da escrita amplia nosso repertório
lingüístico, funcionando, indubitavelmente, como um entre os vários caminhos
da aprendizagem da língua. E aqui devemos falar do papel do professor e da
escola outra vez: ninguém aprende a lidar com a língua e o uso da língua de
modo automático e espontâneo. É preciso que alguém ensine o aluno a
desenvolver sua sensibilidade e a lançar novos olhares sobre os sistemas
simbólicos. O olhar apurado, aprendido, faz um novo sujeito, que questiona,
indaga, descobre, inventa, compara, coteja, transforma, aprende, ensina. Por
isso a análise comparativa de textos se faz tão fecunda.
O caráter de texto literário
permitiu um trabalho com diversos conceitos como os de gênero literário,
recursos expressivos, níveis de linguagem, imagens e metáforas, símbolos e
sugestões, universalidade do texto literário, especificidades da obra
poética, o lúdico, a rima, o ritmo, o som, a magia, a fantasia. De outra
parte, por reconhecer que também é preciso trabalhar com leituras
informativas, cuja interpretação é condicionada por um determinado contexto
sócio-histórico, leituras mais ligadas às demais áreas de conhecimento e à
pesquisa, propusemos ainda como parte da atividade, a leitura do texto
jornalístico Os homens da fumaça, sobre carvoeiros, adultos e crianças
quase-escravos do Centro-Oeste do Brasil. Essa foi uma matéria publicada na
Revista Veja e o confronto dos textos nos permitiu, no processo de ensino, um
diálogo do presente com o passado, num diálogo de visões de mundo, um diálogo
de modos de operar com a linguagem.
Por isso, certamente, os
estudiosos da leitura remetem tão freqüentemente ao conceito de intertexto,
que é o que, de fato, a escola deve fazer e permitir que se faça dentro e
fora dela. Se, nesse aspecto, ela for bem-sucedida, terá cumprido sua função.
Abaurre (1985) defendem enfaticamente a importância da leitura para a
aprendizagem em geral. Os autores chegam a afirmar que a capacidade de ler é
a grande herança que a escola pode deixar para o aluno. Com base neles,
encerramos nossa exposição, dizendo que a leitura - tal como aqui concebida
-, se for bem aprendida e prosseguir fora da escola, constitui-se num caminho
para a realização de mais interações, construção de mais sentidos, superação
do imediato e concretização de uma vida mais feliz para todos.
A leitura crítica sempre leva a
produção ou construção de outro texto: o texto do próprio leitor. Em outras
palavras, a leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do SER
leitor. Assim, este tipo de leitura é muito mais do que um simples processo
de apropriação de significado; a leitura crítica deve ser caracterizada como
um estudo, pois se concretiza numa proposta pensada pelo ser-no-mundo,
dirigido ao outro. Na criança esta leitura através dos sentidos revela um
prazer singular; esses primeiros contatos propiciam à criança a descoberta do
trabalho, motivam-na para a concretização do ato de ler o texto escrito.
A escola torna-se fator fundamental na aquisição do hábito da leitura
e formação do leitor, pois mesmo com suas limitações, ela é o espaço
destinado ao aprendizado da leitura. Tradicionalmente, na instituição
escolar, lê-se para aprender a ler, enquanto que no cotidiano a leitura é
regida por outros objetivos, que conformam o comportamento do leitor e sua
atitude frente ao texto. Essas leituras, guiadas por diferentes objetivos,
produzem efeitos diferentes, que modificam a ação do leitor diante do texto.
Nesse processo, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer.
"O uso do trabalho na escola nasce, pois, de um lado, da relação que se
estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua
circunstância...".
Muitos estudos e pesquisas têm
evidenciado a importância das atividades literárias diferenciadas no contexto
educacional para o bom desempenho da criança. A utilização da literatura como
recurso pedagógico pode ser enriquecida e potencializada pela qualidade das
intervenções do educador.
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